Introdução ao estudo da Iconologia de Hans Belting.
10 Fevereiro 2022, 11:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
Hans Belting nasceu a 7 de Julho de
1935 (Andernach) e é reconhecido especialista em arte medieval e
renascentista, no tempo das Reformas católica e protestante, e sobre Teoria da
Imagem e da Arte Contemporânea. Leccionou nas Universidades de Munich,
Heidelberg e Hamburgo. É Prof. Jubilado pela Hochschule für Gestaltung de
Karlsruhe, onde criou o projecto de investigação interdisciplinar Antropologia
da imagem: meio-imagem-corpo. Tendo iniciado os estudos no campo da arte
bizantina e medieval, cedo se abriu à arte moderna e contemporânea, das artes
não-Ocidentais e das imagens da era digital.
É
autor de ensaios e livros essenciais, como Das Ende der Kunstgeschichte ? (O
Fim da História da Arte ?, 1983-1995), Bild und Kult. Eine Geschichte
des Bildes vor dem Zeitalter der Kunst (Imagem e Culto. História das
imagens antes da época da arte, 1990), A Imagem Verdadeira (trad.,
Dafne, 2011), Florenz und Bagdag (2008) e co-editor de The Global
Contemporary, and the rise of new art worlds (2013).
O que é uma
verdadeira imagem ? Neste ensaio, em que prossegue as suas pesquisas sobre o
sentido das imagens na cultura ocidental, Hans Belting interroga-se (e
interroga-nos) sobre a nossa necessidade fundamental de conviver com imagens
verdadeiras -- imagens autênticas -- aptas
a testemunhar e reproduzir a realidade tal como ela é ou julgamos que
possa ser.
Belting
demonstra, assim, que a nossa percepção das imagens está marcada ainda hoje por
uma sobrevivência de noções religiosas derivadas da fé cristã, que teve no
Ocidente um papel formador de identidade e de consciência que cimentou uma
determinada definição de imagem.
Assim, em lugar de seguir uma história
linear, opta por meio de sondagens, dando ênfase a dois momentos-chave da cultura europeia: o fim da Antiguidade,
em que a questão da imagem se colocou em debates filosóficos em torno da dupla
natureza de Cristo; e a época da Reforma, em que a tradução da Bíblia em
língua vulgar e a sua difusão pela imprensa conduzem a uma certa desvalorização
ontológica da imagem, mais ligada doravante ao mundo da arte e das teorias
estéticas. A tradição sacra e espiritual
das imagens, destinadas sobretudo à conversão pela fé, é pois muito mais que um
prelúdio naif da sua complexidade moderna. Neste ensaio, Belting analisa o arco secular que une a Antiguidade
à nossa época, tratando a História, a
Religião, as Imagens e as Ideias como um todo.
Hans Belting começou como especialista em pintura medieval e bizantina, e
toda a sua obra trata de questões relacionadas com a imagem. Este enfoque
levou-o a avançar pelo Renascimento e o Barroco, desenvolvendo uma reflexão
própria sobre a teoria da imagem e a teoria da arte,
com os seus prolongamentos na própria arte contemporânea. Estudou
História da Arte, Arqueologia e História nas Universidades de Roma e Mainz,
onde se doutorou em 1959. É hoje Professor jubilado de História da Arte e
Teoria dos Media, Hochschule für Gestaltung, Karlsruhe, que ele próprio
fundou. Escreveu mais de 30 livros.