11 Maio 2021, 16:00
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Luís Filipe Sousa Barreto
Em 2021, o Historiar , o conhecimento da acção e do pensamento humanos sob acentuação/ perspectiva temporal/espacial, enfrenta múltiplos desafios. O Historiar emergiu como conhecimento autónomo e profissional na Universidade Alemã dos finais do século XVIII ( Gotinga ) e dos inícios do século XIX ( Berlim) .Historiar , então, assente em razão metódica própria ( Crítica Histórica ) e com estatuto de Ciência empírica / factual e de razão plausível / provável. A partir da grande transformação interdisciplinar de 1920- 1930 ( movimento dos Annales ) acentuou-se a pluralização e a especialização internas bem como a afirmação de programas e de áreas de cruzamento ( Sociologia Histórica, Antropologia Histórica , impactos das outras Ciências Históricas ).
Hoje, o questionário fundamental de O Quê ?, Quem ?, Quando ?, Onde ?, Como ? Porquê ? , obriga a pensar relacionalmente os diversos Tempos Históricos ( sucessão, duração, integração/ não separação ) e as Escalas / Localizações ( micro/ macro, local/ global ,etc ). O campo documental dos Traços / Semióforos tem de ser múltiplo, exaustivo, extensivo ( nas línguas e nas coisas ) e o instrumental de análise abre-se , também, á multiplicidade ( neuro-ciências, biologia, ecologia ,etc ) porque todos somos Outros e o Mesmo / Identidade é processual , não linear , Diferença / Diferenciação.
As já hoje tradicionais perspectivas acerca do Historiar , como a de Norbert Elias em 1983 , " ...a investigação histórica está direccionada ...principalmente para sequências de acontecimentos únicos e que não se repetem :::" são polémicas ( como sabemos que é único / variante singular se não soubermos o que é constante / comum ? como analisar acontecimentos sem séries de acontecimentos em situação, época, processo ? ). Polémicas , não apenas pelo estado presente do Historiar como, pelo desconhecer da História do Historiar. Em 1868-1871 , J. Burckhardt afirmou : " ...procuramos o que se repete , o que é típico e constante nas coisas..." e J. Gustav Droysen, , em 1868 : " ...o permanente ...a regra,segundo a qual se cumpre; procuramos então o igual na mudança ,o que permanece na modificação...noutros fenómenos consideramos que o mais importante é o que se modifica no permanente, o que muda no igual ...".O Historiar como investigação das formações / formas humanas de persistência e metamorfose, de constantes e variáveis, de Continuidade e de Descontinuidade. A História como contribuição crítica para o conhecimento do Problema do Tempo.