O Lugar da História Universitária

29 Abril 2021, 17:00 Luís Filipe Sousa Barreto

 Dos começos do século XIX  até aos nossos dias o Historiar Universitário revela um maioritário e  constante afastamento frente á Filosofia. Uma quase necessidade de oposição como forma de afirmação da  sua própria identidade e autonomia. Ainda que seja , em muitos casos e programas , bem mais uma proclamação que uma realidade o Historiar necessita de se distanciar  quer da proximidade História - Filosofia,  triunfante no século XVIII, quer das gerais e substanciais  Filosofias da História  de tempos unilineares , de  homogéneas  causalidade única/ determinante  e teleológica ( " Processo Histórico " Universal  no sentido da Liberdade, Progresso, Decadência, etc ) . A História profissional e universitária tende a ver na Filosofia o lugar por excelência de ideologia e da  generalização ousada e não fundamentada .

A relação História - Literatura é , ao longo do mesmo período , feita de proximidade até aos começos do século  XX   e de afastamento a partir  dos anos de 1920-1930 . A partir dos anos de 1970- 1980 voltaram a surgir   programas de aproximação História - Literatura , aportando também filiações  á Filosofia , a propósito da revalorização do Acontecimento , representado como  isolado/ singularizado , da Memória ,  como   subjectividade  de esquecimento ou  de celebração     colectiva/  individual , da Narrativa ,  tomada como invenção/ estilo  que anula fronteiras entre real e ficcional. A relação da História com as Ciências Sociais cresceu ao longo do século passado, sobretudo nos anos 20/30 a 70-80,   sendo  manifesto,  nalguns programas ,   o relacionamento com as Ciências Históricas ao longo deste século XXI.
Enquanto formas / modalidades  operatórias de conhecimento o Historiar Universitário pratica e teoriza  uma conjugação tridimensional de   Crítica Histórica , cada vez mais fundamentada e padronizada, ao longo do século passado ,   com  Métodos Qualitativos  e Métodos Quantitativos desenvolvidos pelas Ciências Sociais . Este processo , em aberto nos nossos dias , de  enriquecimento dialogal e metodológico , fez crescer a capacidade racional/ científica  do Historiar descrever, explicar, provar .Fez diminuir  no Historiar o valor do empirismo e  da  ideologia  sem , no entanto, negar a História como ciência empírica  e o Historiar como  conhecimento de complexas relações com os poderes , nomeadamente os poderes políticos, económicos, ideológicos.