Conceitos fundamentais na classificação de escritas: introdução
16 Outubro 2018, 16:00 • Susana Tavares Pedro
1. Maiúsculas e minúsculas
2. Escrita usual
1. Maiúscula/minúscula Classificação das várias séries alfabéticas segundo um critério puramente formal: as escritas maiúsculas inscrevem-se entre duas linhas paralelas, com extensões mínimas e neglicenciáveis de poucos traços acima e abaixo das linhas: as escritas minúsculas inscrevem-se em quatro linhas paralelas, o corpo das letras entre as duas linhas centrais e as hastes ascendentes e descendentes inscritas entre estas e as linhas externas. Maiúscula e minúscula são termos que se aplicam a escritas, entendendo-se sempre no sentido formal, ou a letras individuais e, neste último caso, entendendo-se sempre em sentido substancial.
2. Escrita usual CENCETTI, Giorggio (1948). “Vechi e nuovi orientamenti nello studio della paleografia”, La Bilbliofilia (50): 4-23. (Cencetti 1948: 6)
“a escrita vulgar quotidiana, usada para todas as necessidades da vida” (Cencetti 1948: 13) “simples escritas de todos os dias” (Cencetti 1954: 54-55) “Em cada época e em cada lugar as atitudes das escritas espontâneas dos indivíduos (as «mãos», as «caligrafias» de cada um) podem ser mais ou menos distintas: todas têm, contudo, algo em comum, mais que não seja o modelo ideal, o esquema, o molde, poder-se-ia dizer quase a ideia platónica dos signos alfabéticos. Este fundo comum, esta constância das escritas individuais, que de certa maneira as engloba todas e que por isso não pode ser constrangida e configurada em regras precisas e inderrogáveis, mas que no entanto tem características próprias e uniformes, constitui a escrita usual daquele tempo e daquele lugar” “La scrittura «usuale» è quella di tutti i giorni e di tutti gli usi.” (1954: 54) Alessandro Pratesi (1961) Paleografia, in Enciclopedia italiana, Terza Appendice, III, M-Z, Roma, 352-355 «usual» «a escrita de uso quotidiano em todas as suas multiformes manifestações, que, liberta de rígidos cânones escolares, modifica, inconscientemente e de maneira mais ou menos evidente, o tamanho, o número, a sucessão e a direcção dos traços, e acaba por modificar até a forma das letras».
3. Escrita normal
Alessandro Pratesi (1961) Paleografia, in Enciclopedia italiana, Terza Appendice, III, M-Z, Roma, 352-355
“um esquema abstracto, não documentado nas manifestações práticas de escrita e todavia real como letras-tipo dos abecedários coevos, caracterizado por uma relação precisa do número, sucessão, direcção e desenvolvimento dos traços de cada signo literal” outra definição de escrita «normal» em Alessandro Pratesi, Paleografia greca e paleografia latina o paleografia greco-latina?, in Studi in onore di Gabriele Pepe, Bari 1969: 167 («algo de comparável aos modelos alfabéticos apresentados nas páginas do abecedário da nossa infância, dos quais emanaram as transformações que conduziram à escrita individual de cada um de nós, tão diferentes uma da outra»)
4. Escrita elementar de baseEstes constituem, em cada sociedade de escreventes, um estrato homogéneo de modelos gráficos (logo, também uma «norma» a nível de abecedário, para usar um termo moderno), caracterizado praticamente em todas as circunstâncias pela identificação autónoma dos elementos individuais, pela consequente ausência de ligaduras cursivas ou de nexos entre eles, pelo parco ou nulo uso de abreviaturas, pela falta de elementos de enquadramento, separação e explicitação do discurso (uso de maiúsculas, pontuação, sinais diversos, etc.); tirando os quase sempre raros testemunhos didácticos directos (modelos dos mestres, exercícios escolares, etc.), apenas os testemunhos de escritas usuais de semialfabetizados podem fornecer exemplos mais ou menos directos da norma gráfica ensinada a nível elementar, porquanto reproduzem, embora frequentemente de maneira deformada pela imperícia pessoal e por influências externas, a suas características fundamentais.