O actor e o seu lugar no teatro e na sociedade oitocentista

17 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Os actores começam rapidamente a rivalizar com os dramaturgos a partir dos anos 50 do século XIX, em busca de prestígio social e de melhores condições de trabalho. Os teatros e os seus empresários e directores precisam de dramaturgos que escrevam peças que possam ter sucesso e tragam receitas de bilheteira (porque não há subsídios, ou em certos momentos ao longo do século apenas o D. Maria Ii e o S. Carlos os receberão), precisam ainda mais de actores. Começa a invenção social do actor-vedeta que usa do seu impacto junto do público (utilizando a fotografia recém-criada, os jornais que se tornam veículo de modernização e civilização) para construir o seu estatuto social e para discutir condições de trabalho. O desempenho do actor deste período está de acordo com o tipo de peças que os autores escrevem para os teatros, às vezes para certos actores mais aclamados. Actores e dramaturgos seguem os modelos franceses dos "emplois", ou seja cada actor desempenhavam um papel determinado, às vezes toda a sua vida /ler texto Memoráveis actores na plataforma Moodle).A crítica nos jornais tem um papel muito importante neste sistema teatral que assenta no teatro como negócio, onde a sobrevivência de actores, companhias, empresas dependia do sucesso. O teatro era um negócio que fazia viver muita gente para além dos actores e que constituía, apesar da instabilidade permanente, um domínio económico importante.Leitura de algumas notícias publicadas em jornais da época. Mais exemplos na Hemeroteca digital (A ilustração, Revista Universal Lisbonense, O jornal do Conservatório, O Ocidente).