Os três pilares da reforma do teatro

10 Novembro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

A criação do Conservatório Real de Arte dramática e a preparação do actor para a boa elocução (Recta pronúncia era uma das disciplinas ensinadas) de um novo reportório. A dignificação do teatro através da dignificação do estatuto social do actor; o papel do actor na transmissão de valores e modelos de comportamento através do seu desempenho em cena. A criação da Inspecção Geral dos Espectáculos (Garrett foi o primeiro Inspector-Geral) a quem competia apreciar a nova produção dramática que era apresentada a concurso, a distribuição de subsídios aos dois teatros em funcionamento (Teatro da Rua dos Condes e Teatro do Salitre) mediante certas obrigações, uma das quais era levar à cena 6 peças de autor nacional) e a fiscalização do funcionamento dos teatros. Criação de um edifício teatral construído de raiz e moderno, que fosse símbolo da nação e que apresentasse os melhores espectáculos pelos melhores actores para um público constituído pela melhor sociedade da burgeusia emergente. O Teatro Nacional D. Maria II foi inaugurado em 1846 (abriu as portas um ano antes para festejar um aniversário do príncipe D. Fernando). A sua construção esteve envolto em polémicas permanentes (Ler O teatro no tempo de Almeida Garrett e Teatro Nacional D. Maria II Sete olhares sobre o teatro da nação).

Além destes três elementos, a escrita de peças que seguissem o modelo do drama romântico criado em França por Victor Hugo, Alexandre Dumas) era um dos propósitos desta reforma liderada por Garrett e pelos seus companheiros Alexandre Herculano, os irmãos Castilho, Gomes de Amorim, Mendes Leal etc. Leitura de Um auto de Gil Vicente, através da qual Garrett procurou dar o exemplo e de Os dois Renegados que mostram a tendência para o melodrama..