Teatro feito por outros além de Gil Vicente

24 Outubro 2016, 10:00 Maria João Monteiro Brilhante

Carolina Michaelis de Vasconcelos e Luciana Stegagno Picchio foram ds estudiosas do teatro de Gil Vicente e do século XVI. A primeira chamou a outros autores contemporâneos ou posteriores a GV "Escola vicentina", dando a entender que esses outros autores se limitaram a seguir o modelo criado por GV. A segunda declarou qe com a morte de Gil Vicente tinha desaparecido o teatro português. Talvez nenhuma destas opiniões seja totalmente exacta: Outros autores fizeram teatro ao mesmo tempo que GV "escrevia os autos a el-rei" e faziam-no noutras circunstâncias e com outras características e depois da morte de GV prosseguiu a produção de teatro fora da corte até que, com a fusão das coroas portuguesa e espanhola depois da morte de D. Sebastião, o teatro espanhol se instala em Portugal.Recomenda-se a leitura de três autos: Natural Invenção de António Ribeiro Chiado (contemporâneo de GV), Santo António de Afonso Álvares e Escrivães do Pelourinho de autor anónimo. Essa leitura permite conhecer mais autores a escrever autos (vários com educação universitária e com cargos oficiais, como juiz desembargador) perceber que géneros de autos se produzia (sobre histórias de santos, sobre temas da actualidade), perceber através de Natural Invenção como eram as representações encomendadas, feitas e pagas por ricos comerciantes e nobres em suas casas (ou seja, fora da corte), a não existência de espaços teatrais próprios, mas a existência de teatro em conventos, palácios e tprovavelmente na rua, a existência de pequenas troupes que vendem os seus espectáculos compostos de cenas cómicas ou sérias, de figuras que conhecemos dos autos de Gil Vicente, de uma colagem de tipos de discurso como o pranto, a prece, o discurso de julgamento, a disputa etc.