Realismo acerca de objectos ficcionais IV

29 Outubro 2015, 15:00 António José Teiga Zilhão

Formas de realismo III: Abstractismo. A teoria de acordo com a qual os objectos ficcionais seriam artefactos abstractos. Caracterização geral da mesma: artefactos abstractos como objectos não materiais e não mentais mas temporalmente determinados (por contraste com os objectos abstractos platónicos); identidade e intenções dos seus autores como parte dos critérios de individuação de artefactos abstractos; distinção entre exemplificação de uma propriedade e codificação de uma propriedade: objectos ficcionais como codificadores das propriedades que lhes são atribuídas nas ficções em que participam e como exemplificadores das propriedades que caracterizam a sua natureza ontológica. Vantagens do realismo abstractista em relação ao realismo meinonguiano ou ao realismo mundo-possibilista: o realismo abstractista tem os recursos para responder eficazmente aos problemas da selecção, da impossibilidade e da incompletude. Objecções ao realismo abstractista: codificar é representar; logo, os personagens ficcionais dos abstractistas são representações e não coisas representadas, o que é contra-intuitivo; as codificações são subproposicionais; logo, os personagens ficcionais, enquanto representações de conjuntos de propriedades, nunca podem representar efectivamente o objecto ficcional na sua singularidade, mas tão-só a intersecção das propriedades que codificam.