- Nós e os outros: reconhecimento ou estranheza.

23 Abril 2020, 10:00 Adriana Veríssimo Serrão

 

23 de Abril aula não presencial, sem contacto com os alunos, leccionada via Zoom)

 

 

- Nós e os outros: reconhecimento ou estranheza.

 

Alguns tópicos extraídos de Todorov

Tzvetan Todorov, Nous et les autres. La réflexion française sur la diversité humaine. / Nós e os outros. A reflexão francesa sobre a diversidade humana, 1989.

Aqui vai o link com o livro do Todorov: Human Diversity. 

https://we.tl/t-EQKZMN1DGy

 

 

- O Universal e o relativo. (1)

- Há um etnocentrismo espontâneo, mas que pode ser moderado pelo conhecimento de outras formas de viver e pensar. E um etnocentrismo dogmático: consiste em erigir os valores da sociedade/ cultura em que nos encontramos como valores universais. Generaliza um particular.

- Outro é o relativismo cultural: todas as culturas se equivalem (modo neutral e tolerante). Mas não cairá a tolerância em indiferença? Limite para a tolerância é a intolerância (Voltaire).

Ou : a legitimidade de uma certa hierarquia das culturas. Legitimidade do juízo de valor, de juízos críticos.

Conciliar o diálogo intercultural com valores transculturais. Na base de “valores” universais - direitos humanos - que estariam acima das culturas.

Ex. pena de morte, escravatura, trabalho infantil, exploração do homem pelo homem….

 

-Raças. Emergência e evolução da noção de raças humanas (2).

O início : Simples diferenças morfológicas entre grupos humanos : geografia e clima (como defendem Kant e Herder : um único género humano)

Final do século XVIII e século XIX : a constituição de uma ideologia racialista cientista : diferenças reais, de essência. Meiners, Gobineau et Renan.

A ciência pretendeu suplantar a ética (o humanismo) : justificação do genocídio (ideologia nazista e muitas outras…) e mesmo do melhoramento das « raças ».

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- As nações como entidades dotadas de identidade própria (3)

Diferença entre o patriotismo legítimo e o nacionalismo orgulhoso da superioridade nacional.

O nacionalismo / identidades nacionais (Tocqueville, Michelet, Renan, Barrès et Péguy) (na base das guerras na Europa (1.ª Guerra), e na justificação do imperialismo e do colonialismo, da expansão territorial,  conquista e dominação de povos em outros continentes).

 

- O exótico (4). Elogio do Outro e preferência pelo Outro

p. ex. Rousseau : o bom selvagem, as ilhas do Pacífico. Estado de natureza como Idade de Ouro. O primitivismo contrário à decadência da História.

Culturas mais próximas da natureza. Exotismo do turismo, os modernos viajantes. A idealização / estereótipos de lugares e monumentos. Insensibilidade aos nativos e à sua existência comum.

Literatura de viagens e a fotografia.

Mas : o turista vai, mas volta a casa.

 

-A moderação : um humanismo bem temperado (5)

 

Posição de Todorov

 

Moral e política devem sobrepor-se às ciências naturais e sociais.

A possibilidade "de reconhecer as diferenças entre grupos humanos sem abrir mão do quadro universal; a ideia de que, indivíduo e sociedade, sendo entidades fundamentalmente heterogéneas, apenas soluções mistas ou moderadas podem adequar-se-lhes de maneira duradoura".

E, portanto, a necessidade de garantir simultaneamente "o direito do indivíduo à autonomia, à segurança pessoal, à liberdade privada" e a "pertença cultural (o espírito das nações)" enquanto se exercem juízos de valor com "referência universal": a condenação da tirania "em todos os climas" e a preferência dada ao interesse da humanidade sobre o interesse de grupo ou indivíduo.

Uma moderação dos conflitos: "Os países ocidentais têm todo o direito de se defenderem de qualquer agressão e ataque aos valores nos quais escolheram basear os seus regimes democráticos. Em particular, precisam de combater firmemente qualquer ameaça terrorista e qualquer forma de violência. No entanto, eles têm interesse em não ser atraídos para uma reacção desproporcionada, excessiva e abusiva, porque produziria resultados contrários aos que se espera."