A ideia de Humanidade: todos iguais, todos diferentes?
16 Abril 2020, 10:00 • Adriana Veríssimo Serrão
16 Abril (aula não presencial, sem contacto com os alunos, leccionada via Zoom)
30 alunos
I. Questões Prévias
- Mantemos os dois modelos A ou B. de avaliação.
Para A. Enviarei o enunciado, pelo menos uma semana antes, para irem fazendo.
Para B. Aconselho o seguinte
Plano orientador para a Ficha de Leitura
- Escolher um tema (de entre os tópicos do programa)
- Escolher dois elementos de trabalho (de entre os textos, livros ou filmes, que são matéria da cadeira) pertinentes para o tratamento desse tema.
(Se quiserem, podem juntar um terceiro elemento, mas não dispensando os dois referidos).
Estrutura da Ficha de Leitura
Breve apresentação do tema e dos elementos escolhidos
1. Análise do elemento A.
2. Análise do elemento B.
3. Comparação.
4. Algumas linhas conclusivas.
- Todas as questões que tenham devem doravante ser colocadas em grupo. Não terei capacidade para responder individualmente.
- Indispensável consultar regularmente o Fénix!
II. Proposta de leitura do livro A Peste, de Albert Camus (disponível na Net) (1952)
Albert%20Camus%20-%20A%20Peste%20(1).pdf
O livro é sobre uma epidemia que se abate sobre uma cidade. Importante é a descrição que Albert Camus faz das diversas personagens, cada uma representando um modo de interpretar e de agir em situação de crise.
É um tratado de Antropologia. Mas a questão “o que é o Homem?” não tem uma resposta possível; não há um modelo de “Homem”, uma essência previamente determinada. O homem é a sua existência e o modo como cada um a vai realizando, passo a passo, decisão a decisão.
Camus é um representante do existencialismo. Todo o agir se dá em contexto concreto, em situação. E é a acção de cada um que funda o seu valor.
A noção de absurdo: O livro parte da situação de absurdo: não há razões para que o mundo seja assim, e não de outra maneira, tal como não há razões que expliquem o surgimento da epidemia. A pergunta «porquê ?» fica sem resposta. É um dado irrecusável!
A Peste pode ser lida como alegoria da condição humana e do absurdo da existência.
A Peste não tem justificação. As várias interpretações são falíveis. Um castigo divino? Um flagelo? Uma epidemia?
Guião de leitura (ver aula anterior):
- A cidade de Oran: situação geográfica, modos de vida, formas de sentir. Vida despreocupada, lazer (inconsciência)
- Os primeiros sinais de que há uma alteração (“os ratos”) e primeiras reacções.
- O fechamento da cidade: de onde não se pode sair nem entrar. Isolamento e exílio.
- Cada um está exposto aos mesmos riscos de todos. Igualdade de destino. Símbolo da condição humana. Não há história individual, mas colectiva.
Ninguém se salva sozinho. Ajudar os outros é ajudar-se a si próprio. É uma questão de humanidade.
- Caracterização das diversas personagens: as respectivas atitudes. (ver aula anterior):
- Peste que veio de repente e se vai embora de repente. O que ficou? Despontou a solidariedade. A força e o valor da empatia, cooperação e entre-ajuda. A transição do solitário ao solidário. Do eu ao nós.
Para complementar este tema : o livro O homem revoltado de Albert Camus.
- Se o existencialismo é um humanismo. Sim, um humanismo do homem concreto, do meu próximo, em situação de fragilidade e sofrimento. Sujeito a uma condição colectiva, na qual ao escolher-me a mim escolho todos os outros.
Para complementar este tema, de Jean-Paul Sartre, O existencialismo é um humanismo (conferência de 1946, encontram na Net).
III. Recapitulação de «O conceito de Cultura: a diversidade das culturas”.
A teoria de Herder sobre a diversidade cultural como um "Atlas antropológico da Humanidade". Sem pôr em causa a unidade do género humano (um só troco), valoriza a diversidade dos seus ramos como fisionomias múltiplas. Não será já entendida como unidade do igual, do fixo e do imutável, uma identidade formal que despreza as diferenças como acidentais, mas como unidade diferenciada susceptível de conter a multiplicidade e a diferenciação, no fundo, uma unidade plástica capaz de assumir formas diversas.
(ver aula anterior).
O "Atlas antropológico da Humanidade" no filme : Baraka, de Ron Fricke (1992)
Na próxima aula analisaremos em conjunto este filme. Mas deverão vê-lo antes!
Algumas linhas de interpretação.
A ideia de Humanidade: todos iguais, todos diferentes
Ligação ao meio natural
Vida comunitária
Religião e espiritualidade
Comportamentos e modos de vida
Rituais e festas
Técnicas e artefactos
Devastação da natureza
Destruição e guerra
Vida urbana (“civilização”) e vida “primitiva”