aula extraordinária

16 Março 2020, 10:00 Adriana Veríssimo Serrão

16 Março (aula extraordinária, não leccionada, não presencial)

Caros Alunos

Da mensagem do director da FLUL”: A vida da Faculdade não acaba. Enquanto durarem estas restrições, os professores da Faculdade 

(ix) Deverão manter os seus alunos informados do trabalho autónomo requerido até ao fim do semestre. (x) Deverão lançar os sumários com a matéria indicada para cada dia, indicando que não houve contacto presencial com os alunos nesse dia. (xi) Poderão continuar, ou começar, a gravar, transmitir ou apresentar aulas online. (xii) Poderão requerer elementos de avaliação não-presenciais não previstos no início do semestre.”

Na próxima aula, envio-vos os temas e instruções para o teste já agendado.

Irei também reorganizar os elementos de avaliação.

 

Proposta de leitura do livro A Peste, de Albert Camus (disponível na NET)

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O livro é sobre uma epidemia que se abate sobre uma cidade. Importante é a descrição que Albert Camus faz das diversas personagens, cada uma representando um modo de interpretar e de agir em situação de crise. É um tratado de Antropologia. Sendo uma obra prima, mas também dada a sua actualidade no momento presente, a sua leitura atenta poderá indicar-nos atitudes mais e menos adequadas.

Guião de leitura:

- A cidade de Oran: situação geográfica, modos de vida, formas de sentir.

- Os primeiros sinais (“os ratos”) e primeiras reacções.

- Caracterização das diversas personagens: as respectivas atitudes.

Dr. Rieux: o médico: tem o papel principal (é também o narrador); ilustra a atitude racional e activa, é capaz de compreender a doença e de lutar com todos os seus meios contra ela. Caracteriza-o a sensibilidade e manifesta compreensão pelas diferentes personagens. É também um homem de acção, que quer fazer bem seu trabalho, no hospital e em visitas a doentes, no aconselhamento das autoridades. Ao heroísmo e à santidade, prefere a honestidade; menos que a salvação humana, é a saúde humana que mais lhe interessa.

Percebe que precisava de falar por todos, porque qualquer dos seus sofrimentos era o de todos os outros.

Rambert: o jornalista; tem um passado militante, defende o direito à felicidade; chega a Oran para preparar um relatório, começa por querer juntar-se em França à mulher que ama, mas quando tem a possibilidade de sair, acaba por ficar, acreditando que pode haver vergonha em ser-se feliz sozinho. “Eu sempre pensei que era um estranho para esta cidade e que não tinha nada a ver convosco. Mas agora que vi o que vi, sei que sou daqui, goste ou não. Esta história diz respeito a todos nós.”
Joseph Grand: Pequeno funcionário da prefeitura, um fracassado na carreira e na vida amorosa. Aspira a escrever um romance. Homem de bons sentimentos, durante a epidemia, mantém um certo equilíbrio da vida; participa voluntariamente nas equipas de saúde. É um dos primeiros sobreviventes, como se o autor quisesse recompensar este herói insignificante pela sua boa vontade.
Cottard: Homem comum também, ele é como que o simétrico de Grand, mas na ordem dos defeitos. Procurado pela polícia, tenta-se enforcar. A epidemia é-lhe favorável, organiza os seus negócios, explora o mercado negro. O fim da peste é o fim de seu tráfico. O seu infortúnio é merecido: espancado, sitiado, é morto. 
 J. Tarrou: Tem a ambição de ser um santo sem Deus, é modelo de uma santidade secular, que merece a simpatia de Camus. Lutador pela justiça, conheceu a injustiça. Pratica uma moral da simpatia e a amizade. Põe em marcha unidades de saúde voluntárias. Não admite a derrota antes de tentarmos tudo. Quando adoecer, resistirá lucidamente. Mas não escapará da morte.
Padre Paneloux: sacerdote: defensor do cristianismo, começa por associar a peste a um castigo divino pelo mal dos homens. Aceita entrar em unidades de saúde, mas não acredita nos esforços da ciência. Mas a morte da criança inocente, fá-lo-á atenuar a rigidez na explicação do mal, sem pôr em causa o primado da fé. Será talvez infectado, mas recusando o tratamento, morrerá. 

Othon: o juiz : representa a severidade da magistratura, descrito com traços caricaturais, mostra sempre dignidade, nomeadamente quando o filho morre e quando ele próprio é submetido a medidas de isolamento.

- Procurar uma síntese para a Peste como alegoria da condição humana e do absurdo da existência.