É possível conhecer “o Homem”?
4 Fevereiro 2020, 10:00 • Adriana Veríssimo Serrão
4 de Fevereiro
Análise do texto:
Kant, “Prefácio”, Antropologia numa abordagem pragmática, trad. port. em Manuela Ribeiro Sanches e Adriana Veríssimo Serrão, A Invenção do “Homem”. Raça, Cultura e História na Alemanha do século XVIII, Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2002.
a. A distinção entre “Antropologia fisiológica” e “Antropologia pragmática”.
“Antropologia fisiológica”. A natureza do homem enquanto ser físico, anatómico…, enquanto efeito de causas naturais. A perspectiva fisiológica (naturalista) implica um determinismo.
O homem é tomado como objecto dos estudos científicos (ciências naturais) e como um simples espectador do “jogo das causas” que actuam sobre ele. Ser condicionado por leis exteriores. “Aquilo que a natureza faz do homem.”
“Antropologia pragmática”. Estuda o Homem, isto é, o género humano, na sua generalidade, como ser que age livremente (capaz de liberdade, como ”agente livre”: “o que faz, pode fazer e o que deve fazer a partir de si mesmo.” O homem é tomado como participante do jogo, ao mesmo tempo sujeito e objecto. Como “cidadão do mundo”.
-- Diferença entre “conhecer o mundo” e “ter o mundo”: o Homem como fim de si mesmo.
b. Pode a Antropologia tornar-se uma ciência rigorosa?
Limites, dificuldades pertencentes à natureza humana.
-- limites à hetero-observação: o que significa “observar o Homem?
Ou fica incomodado (já não é tal qual é, não é genuíno) ou se dissimula, porque “não quer ser conhecido tal qual é.”
-- limites à auto-observação (ou examinação): não é possível estar em acção e simultaneamente analisar-se nessa mesma acção.
-- limites decorrentes da segunda natureza: o hábito. Circunstâncias espaciais e temporais que vão moldando.
c. É possível conhecer “o Homem”?
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