Kyioshi Kurosawa, "Cure" (1997)

30 Novembro 2017, 10:00 Fernando Guerreiro

1. Um cinema de géneros (entre excesso e depuração)  e da presentificação:  de uma Imagem-trauma (=ruína) que inscreve o "fora de campo" no plano, sobrepõe/ baralha tempos e constitui a  opacidade de uma imagem(-palimpsesto) que resiste à interpretação.
2. "Cure" (19997): policial para-normal/ psíquico; a temática da Hipnose (mesmerismo) como alegoria do real e do cinema (um "fantástico mental ( Ray-mond Bellour)
2.1. plano da "narrativa": i) quem olha?: exterioridade/ distanciamento do duplo ponto de vista da câmera  e de Mamyia (um "olhar-ecrã"); ii) estrutura "trouée" da narrativa com sinais indiferenciados de que o "X" constitui a cifra=hieróglifo; iii) duplo enigma do mal (violência)  e do feminino (Fumie, a mulher do detective); iv) efeito viral/ de contágio do mal  que se transmite pelo "vazio" dos personagens;
2.2. plano dos personagens: como "machines à faire le vide" (Sébastien Journel), a perda de memória (amnésia): i) Mamyia: figura do inconsciente, personagem todo "exterior" que produz o "vazio" nos outros;" fantasma moderno" (S. Mesnildot) que "fantasmisa " tudo à sua volta; analogia com a imagem de cinema; ii) Takabe: relação de especularidade com Mamyia; da interpretação à alucinação; passagem de missão;
2.3. Que cura? pela Hipnose/ Cinema? Sequência final no barracão abandonado (uma "interzona"): o 1º filme (documento ) japonês (1898). Reparação do homem ou salvação do mundo dele?
* projecção (comentada) de um dvd do filme.