Interlude (1957), Douglas Sirk

9 Abril 2018, 16:00 José Bértolo

Aviso inicial: O semestre foi recalendarizado. A aula de 30 de Maio deixará de ser uma aula de teste, e passará a ser uma aula normal. Os alunos devem conferir o novo calendário, que foi distribuído por e-mail e também em aula. 


O teste realizar-se-á no dia 4 de Junho, às 16h, em sala a anunciar.

Breve introdução a Douglas Sirk, um intelectual alemão forçado a abandonar a Alemanha devido à ascensão do nazismo, assinando nos E.U.A. uma série de filmes comerciais, dirigidos a um público pouco exigente, e acabando por ser canonizado pela crítica de cinema dos anos 70 como o realizador paradigmático do melodrama clássico norte-americano.

A ironia sirkiana: os filmes deste cineasta operam em pelo menos dois níveis do entendimento: 1. melodramas típicos, realizados de acordo com as convenções do género; 2. filmes que, segundo diferentes procedimentos, subvertem esses próprios códigos genológicos.

Introdução ao "género", característico do cinema clássico da década de 1950, de filmes sobre americanos na Europa: a Europa como um destino de sonho, onde os americanos escapam à mundanidade da sua vida nos E.U.A. e encontram diversas aventuras, em particular amorosas (tratando-se essencialmente de comédias românticas). Visionamento das sequências iniciais de dois casos emblemáticos desta tradição cinematográfica: Three Coins in the Fountain (1954), de Jean Negulesco, e Summertime (1955), de David Lean.

Início do visionamento de Interlude: a apresentação da cidade de Munique no início do filme enquanto uma série de bilhetes-postais; idealização e a Europa vista pelos americanos; a protagonista enquanto personagem descaracterizada ("plain", ingénua, infantil), à semelhança das heroínas de outros filmes do programa (Rebecca, Letter from an Unknown Woman); a experiência da Europa enquanto resultado da confluência dos domínios do sonho e da realidade; a divisão do filme em duas partes e o anúncio do pesadelo através da tempestade; discussão de diversas questões de figuração (a apresentação de Munique e de Salzburgo como cidades do sul da Europa; a apresentação da esposa enlouquecida através da sua imagem no espelho; a apresentação do maestro através do seu nome; o recurso frequente a soluções visuais que enquadrem as personagens europeias em molduras, simbolizando clausura; etc.).