Vertigo (1958), Alfred Hitchcock

23 Abril 2018, 16:00 José Bértolo

Conclusão do visionamento de Vertigo: a divisão do filme em duas partes (antes e depois da morte de Madeleine); estruturas de repetição com variação; comentário da sequência em que Scottie vê Madeleine pela primeira vez (quadros dentro do quadro; o espaço como labirinto; a importância simbólica das cores; planos subjectivos; limiares da representação); a importância dos espelhos em geral, e do espelho no quarto de Judy em particular; a sequência da carta (carta escrita e rasgada, cujo propósito é fornecer um acréscimo de informação ao espectador). 


O "melodrama da mulher desconhecida" de Judy: a vontade de afirmação enquanto "ela mesma" e a simultânea incapacidade de se desvincular de Madeleine; a "falsa Madeleine" enquanto igura fantasmática do filme, que assombra Scottie e Judy; complexo de Pigmalião (cf. fotocópias de Ovídio e V. Stoichita); Judy enquanto simultaneamente "ela mesma" e "a outra": uma personagem inevitamente cindida; Judy enquanto sombra (figura sem densidade, ontologicamente instável) e enquanto corpo contaminado pela "ficção" de Madeleine (a projecção da luz verde sobre o rosto de Judy). A sequência do "retorno de Madeleine": entre fantasma e corpo. Necrofilia e homens apaixonados por mulheres mortas. O momento do reconhecimento de Scottie: o colar no espelho. A alternância, na sequência final, na atribuição de um nome à personagem interpretada por Kim Novak: Judy e Madeleine. As implicações simbólicas, ao nível da caracterização da personagem, que se prendem com esta indecisão na atribuição de um nome.

Breves considerações sobre o teste de dia 30, que vai ter lugar na sala e à hora habituais.

Os alunos poderão ler as fotocópias, que estarão disponíveis a partir de amanhã (terça-feira, 24), na reprografia vermelha, de Vocabulário de Cinema, de Marie-Thérèse Journot.