La mala educación (2004), Pedro Almodóvar

14 Maio 2018, 16:00 José Bértolo

Conclusão do visionamento de The Talented Mr. Ripley: análise da sequêcia final: o cruzamento entre o drama identitário de Tom Ripley e o drama amoroso de Ripley e Peter Smith-Kingsley; "I always thought it would be better to be a fake somebody than a real nobody" enquanto frase-emblema do filme; a adjectivação de Tom Ripley (Tom is talented, Tom is mysterious, Tom is beautiful, etc...) enquanto forma de superar o seu vazio ontológico (adjectivos vs. substantivos); o movimento de câmara final, de 180º, do rosto visível de Ripley ao rosto em sombra do mesmo, enquanto indício simbólico da sua cisão identitária.


Início do visionamento de La mala educación (2004), de Pedro Almodóvar: o genérico inicial enquanto princípio formal; primeiro movimento de duplicação: "Guión y dirección: Pedro Almodóvar" / "Guión e dirección: Enrique Goded" (transformação de pessoas reais em personagens ficcionais; duplicação com variação [Almodóvar não é Goded]); o início da acção e o anúncio dos tópicos da "visita" e do "encontro"; o problema do nome enquanto sinal de um problema identitário: Ignácio/Ángel; o actor enquanto figura destinada à interpretação de papéis, dentro e fora da ficção; a leitura do conto "La visita" enquanto gesto que activa o dispositivo do "filme dentro do filme"; alteração no formato da imagem na transição do nível de realidade para o nível da ficção; a figuração da performance dentro do filme, bem como dos espectadores da performance, enquanto forma de sublinhar a dimensão representativa do próprio filme e de espelhar a condição do espectador de cinema; o vestido de Zahara: vestir a nudez, uma segunda pele,  falsa, que pode, no entanto, tornar-se verdadeira (Agrado, em Todo sobre mi madre: "Somos mais autênticos quanto mais nos aproximamos daquilo que sonhámos para nós mesmos"): transformação da essência pela alteração da aparência; o "conto dentro do conto": "La visita" surgindo figurada no interior de "La visita" (simultaneamente semelhantes [o mesmo título, o mesmo objecto] e distintos [contando histórias necessariamente distintas]).