Estudo de caso: as iluminuras quatrocentistas da Crónica Geral de Espanha de 1344.

27 Novembro 2015, 08:00 Luís Urbano Afonso

As iluminuras quatrocentistas da Crónica Geral de Espanha de 1344 (Biblioteca da Academia das Ciências, Ms Azul 1). As duas etapas de redação da Crónica Geral de Espanha: Conde de Barcelos, D. Pedro Afonso, c.1340-44; crise dinástica de 1383-85.

Narratividade e fantasia. Uma obra onde se exploram os limites ontológicos da iluminura enquanto medium artístico. Os dois estilos de iluminura patentes no manuscrito acompanhando a sua divisão em cadernos próprios (Tipo A e Tipo B). Profusão decorativa e delírio formal. Fusões matéricas: articulação do mundo vegetal com o mundo artesanal. O entendimento do fólio como uma superfície diáfana e fecundadora, para lá de uma mera superfície neutra, passiva, para a inscrição da escrita ou da imagem. A inexistência da sujeição à «janela» renascentista. O fólio como plataforma para a realização de combinatórias fantasistas, irreais, impossíveis de replicar no mundo real. Espaço ilusório, de fábulas e sonhos. Espaço para a paródia. A habilidade da modelação tonal, em qualquer tipo de formas. Um encómio à vitalidade primaveril, à geração de vida e à fecundidade da natureza, numa multiplicidade de formatos e colorações de flores. As arquiteturas impossíveis e as reduções e combinações de escala delirantes, que implicam a consciência da presença do observador e o ludibriar dos seus mecanismos de perceção visual.