Teste 2

26 Novembro 2020, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

TESTE DE ARTE DO RENASCIMENTO E DO MANEIRISMO EM PORTUGAL / ARTE MODERNA EM PORTUGAL

Licenciatura de História da Arte – 26 de Novembro de 2020, 9h30/11h -- Prof. Vitor Serrão

 

I

Leia atentamente as seguintes questões e responda em moldes suficientes, claros e bem estruturados, recorrendo a exemplos se e quando necessário, a apenas DUAS delas:

 

1. Em que medida a chegada a Portugal dos franceses Nicolau Chanterene e João de Ruão influiu na viragem estética da Escultura (sacra e profana), à luz do generalizado debate entre antigo e moderno ?

2. O testemunho do poeta Garcia de Resende, na famosa Miscellanea, de que «Pintores, luminadores, agora no cume estam», mostra que no tempo de D. João III era uma realidade o ascenso social dos artistas e o estatuto de privilégio que auferiam Gregório Lopes, Vasco Fernandes, Nicolau Chanterene, António de Holanda, etc, fruto de uma consciencialização que paulatinamente se impusera. Comente.

3. O moderno estatuto de artista nasceu nas especiais circunstâncias especiais – do século XV, com o Renascimento e o Humanismo. Comente a carta que Diogo Teixeira envia a D. Sebastião em 1577 e o modo como defende a liberalidade criadora: «Diz dioguo Teixeira, caualeiro da casa do Sor D. Antonio, que elRei vosso avô, não sendo a arte da Pintura então da calidade em que ora está (…) anexou individamente os pintores à Bamdeyra de Sam Jorge (…) como se fossem mecaniquos, quando he uma arte iminente asi dos antíguos, e com numeada antre as liberais em todos os tempos, e celebrada por reis (…), e assim, havendo respeito ao sobredito, e por ser hum dos milhores oficiais de imaginarya de olio que há nestes Reynos, pede a S. M. o isente dos serviços a prestar à dita Bamdeira (…)».

4. Como se explicam as lendas e mitos – como o mito Grão Vasco e o mito do Manuelino – na historiografia da arte portuguesa anterior aso século XX ?

5. Que inovação Francisco de Holanda (1518-1584), a nível internacional, ao defender o primado da ideia criadora (fruto da scintilla divina, como afirmara Alberti, mas agora com uma raíz neoplatónica) como a essência da obra artística, e ao definir «o disegno ou debuxo, raiz de todas as sciencias» ?

6. Em que consistiram as teses de bondade inata das artes defendidas pelo humanista Benito Arias Montano (poesia A verdadeira Inteligência (Idea) inspira o Pintor, com gravura de Cornelis Cort segundo desenho de Frederico Zuccaro, editado em Roma, 1578) e qual a influência dessas ideias em Portugal ?

II

Desenvolva e comente, com a maior clareza e objectividade, num discurso estruturado e fluente, e recorrendo a factos e exemplos adequados sempre que necessário, UM dos dois seguintes temas:

 

1. Como situa o papel de JOÃO DE CASTILHO (c. 1470-1552) na evolução da arquitectura portuguesa entre o chamado estilo moderno («gótico-manuelino») e as experiências antigas de inspiração italiana, à luz da utopia edificatória ? Como avalia o seu percurso, longo e aparentemente contraditório, entre a magna obra do Mosteiro dos Jerónimos e as últimas campanhas no Convento de Cristo de Tomar ?  Caracterize, com exemplos adequados, esse seu singular percurso.

Igreja de Santa Maria de Belém, por João de Castilho, 15127-1521, e igreja da Conceição de Tomar (panteão de D. João III), por João de Castilho (?) ou Miguel de Arruda (?), 1547-1551.

 

2. Em que moldes a viagem a Roma de artistas portugueses foi relevante para implantação da Bella Maniera ? Face ao desenho de Daniele de Volterra (1509-1566), discípulo de Michelangelo, analise a pintura de Campelo (cª 1567) na capela do seu protector Cardeal Giovanni Ricci de Montepulciano (igreja de San Pietro in Montorio, em Roma), de c. 1550-1560.