Nuvens na pintura ocidental. O que une e separa uma nuvem de um romã

29 Fevereiro 2016, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

PRIMEIRA SAÍDA DE CAMPO ao Teatro Municipal Joaquim Benite em Almada para assistir ao espectáculo A Morte e a Donzela- Dramas de Princesas de Elfriede Jelinek, com encenação de Alexandre Pieroni Calado, produção da Artes & Engenhos. (20:00 às 01:30)

 

Apreciação de alguns exemplos de pintura moderna com destaque para imagens em que as nuvens desempenham diversas funções no contexto de cada representação. Voltámos a observar imagem do quadro de William Turner, Barco holandês no meio de uma tempestade, de 1801, para nos certificarmos de que as nuvens e as águas oceânicas constituíam o cerne do acontecimento, sendo uma parte visível da grande tempestade que atinge os ínfimos marinheiros. Comentámos a gradação de cor, a forma, o movimento e a dinâmica das nuvens na sua ferocidade. Estivemos perante Cumulonimbus (i) e Nimbostratus (i).

Prestámos idêntica atenção a representações de pintura de Paul Cézanne, Promenade (Passeio), 1886; Vincent Van Gogh, Seara com Ciprestes, 1889; Salvador Dali, Afegão invisível com aparição na praia do rosto de Garcia Lorca na forma de fruteira com três figos, 1938; e finalmente, Frida Kahlo, O sonho, 1940.

A apreciação de nuvens em contexto de pintura revelou-se nestes exemplares respectivamente: distante e cenográfica com Cumulus congestus (i) e Cumulus (i), participativa e evolutiva no contexto do movimento da natureza através de Stratocumulus (i), entrelaçada em outros elementos do quadro desesperando o olhar do observador, como Cumulus (i) mediocris e forma de acolhimento cúmplice ao estado de doença da artista em auto-retrato.

 

Executámos um exercício prático e especulativo sobre a natureza física de uma romã e a forma cristalográfica de uma nuvem. O que junta uma romã a uma nuvem: existência natural, estrutura interna com semelhança no seu desenho profundo, possibilidade de, através de presença e configuração podermos inferir para ambas a qualidade dos sentidos estético, simbólico e mitológico. O que separa uma romã de uma nuvem: o alcance, o sabor, a permanência da cor, a matéria de composição.

 

Leitura recomendada:

PRETOR-PINNEY, Gavin 2007, O Mundo das Nuvens – História, Ciência e Cultura das Nuvens, tradução de Sofia Serra, Cruz Quebrada: estrelapolar, pp. 11-121.

 

Endereço electrónico sugerido:

http://www.windows2universe.org/art_and_music/cloud_art/cloudart_gallery.html