Do Realismo à Abstracção

9 Março 2017, 16:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

CIÊNCIA E ARTE

Módulo 1 – Nuvens

SESSÕES SOBRE “TEN SKIES”, de JAMES BENNING

 

SUMÁRIO

Docente:

·         Pedro Florêncio, doutorando em Artes Performativas e da Imagem em Movimento (UL), mestre em Cinema e Televisão (FCSH), licenciado em montagem e argumento (ESTC), professor de cinema nos cursos profissionais de Animação Sociocultural e Interpretação (IDS).

 

SESSÃO 1: Do Realismo à Abstracção

As minhas ideias quase não são mais do que sensações, e a esfera do meu entendimento não vai além dos objectos que me rodeiam de perto.” (Jean-Jacques Rousseau, Os Devaneios do Caminhante Solitário, p. 106)

“Preferi, por isso, seguir o meu velho método, que me obriga a observar todos os fenómenos da natureza numa determinada sequência, acompanhando atentamente as transições, para diante e para trás. E assim cheguei sozinho a uma perspectiva viva, a partir da qual se forma um conceito que depois, numa linha ascendente, se encontrará com a ideia.” (J. W. Goethe, O Jogo das Nuvens, p. 46)

Data:

·         2017-03-09

Objetivos:

·         Contextualizar o trabalho cinematográfico de James Benning, relacionando-o com outros autores e diferentes conceitos de abstracção. Breve exposição sobre o conceito de Dupla Artialização da Natureza, por Alain Roger.

Material bibliográfico de apoio:

·         Alain Roger, Natureza e Cultura. A Dupla Artialização

·         Edward T. Hall, A Dimensão Oculta, cap. X “A perspectiva na Arte”

·         John Berger, Modos de Ver

·         Clive Bell, Arte

·         Jean-Jacques Rousseau, Os Devaneios do Caminhante Solitário

·         J. W. Goethe, O Jogo das Nuvens

 

Material visual de apoio:

·         Ruhr (2009), James Benning

·         4’33’’, John Cage (exemplo citado em: https://www.youtube.com/watch?v=Oh-o3udImy8)

·         A Line Made by Walking (Inglaterra, 1967), Richard Long

·         Mont Sainte-Vitoire (vários), Paul Cézanne

·         Seascapes, Hiroshi Sugimoto

·         Black on Gray (e outros), Mark Rothko

·         Black Painting(s), Ad Reinhardt

·         Nightfall (2012), James Benning

Excertos lidos:

Jean-Jacques Rousseau, Os Devaneios do Caminhante Solitário, p. 109

“As plantas parecem ter sido semeadas na terra com profusão, tal como as estrelas no céu, para convidar o homem, atraído pelo prazer e pela curiosidade, ao estudo da natureza; mas os astros estão longe de nós; são necessários conhecimentos preliminares, instrumentos, máquinas, longas escadas para os atingir e os colocar ao nosso alcance. As plantas, essas, estão naturalmente ao nosso alcance. Nascem sob os nossos pés e, por assim dizer, nas nossas mãos e, embora a pequenez das suas partes essenciais as esconda por vezes à vista, os instrumentos que as tornam visíveis são de um uso muito mais fácil do que os da astronomia. A Botânica é o estudo apropriado para um solitário ocioso e preguiçoso: um estilete e uma lupa constituem todo o equipamento de que precisa para as observar. Passeia, vagueia livremente de um objecto para outro, analisa cada flor com interesse e curiosidade e, logo que começa a aprender as leias da sua estrutura, saboreia, ao observá-las, um prazer sem esforço, tão intenso como se lhe tivesse custado muito.”

 

J. W. Goethe, O Jogo das Nuvens (do prefácio de João Barrento), p. 22-23

“O jogo é sempre o mesmo – o das formas e a sua mutação –, como uma moeda de duas faces, uma onde tudo se dissolve e outra onde tudo se fixa, que parecem querer anular-se, mas que Goethe, é claro, vê como necessariamente complementares. (…) Diz Goethe: “A ideia da metamorfose é uma dádiva que nos vem de cima, a um tempo imensamente digna e altamente perigosa. Leva ao informe, destrói o saber, dissolve-o. É uma espéce de vis centrifuga, e perder-se-ia no infinito se não encontrássemos um contrapeso para ela: falo do impulso classificatório, de uma tenaz capacidade de persistência de tudo aquilo que um dia veio à realidade.”

                                                                                                                                                                                            

Sugestão de leitura para a sessão seguinte:

·         McDonald, Scott (2007). “James Benning’s 13 LAKES and TEN SKIES, and the Culture of Distraction” (págs. 218-231), in James Benning, (org.) Barbara Pichler & Claudia Slanar. SYNEMA: Vienna.

Os materiais encontram-se na reprografia azul na pasta da cadeira.