Ganga bruta: a intuição e a dissonância na montagem do filme

20 Outubro 2020, 15:00 ALVA MARTINEZ TEIXEIRO

A modernidade de “Ganga bruta” de Humberto Mauro: a intencionalidade de planos, o tom trágico e os ecos freudianos, a montagem vivencial.

As discussões sobre a construção do cinema brasileiro nas décadas de 1920 e de 1930: os vínculos entre cinema, progresso, educação e imagem nacional. A dupla imagem do Brasil no filme “Ganga bruta”: a cidade e o interior. A visão diferente de Mauro: uma arte que procura inventar a partir do olhar da paisagem brasileira.

A natureza dissonante do filme: o expressionismo inicial, o teor documentar e realista presente na segunda sequência, o diálogo com o western, as notações erótico-freudianas na montagem metafórica do encontro sexual, etc.

Breve análise do retrato da identidade nacional e da visão crítica da sociedade brasileira: o contraste entre progresso material urbano e o subjacente atraso social – nomeadamente, a hipocrisia moral e o patriarcalismo, representados pelo ambíguo protagonista –; a violência imperante no sertão, condensada na irónica sequência da briga (23.36 -28.46). O uso do grotesco para reproduzir de modo estranhado uma época de crise: a miniatura de uma época ignorante e obscura.

Breve análise da representação do erotismo no filme: a 'entrada na natureza' dos protagonistas e da sequência freudiana da posse representada metaforicamente através da fábrica (1.01 – 1.03.11).

A dissonância e a quebra com a montagem discursiva mais convencional. O corte livre em Ganga bruta e o tempo narrativo movido por um ritmo interior progressivamente mais sugestivo.

Análise do simbolismo da sequência final do filme.


Bibliografia:

GOMES, Paulo Emílio Salles (1974): Humberto Mauro, Cataguases, Cinearte (São Paulo: Perspectiva).

PEREIRA, Flávia Lago de Jesus (2010): “Cinema à moda brasileira: Ganga bruta e a questão da identidade nacional” in O olho da História, nº 14 in

http://oolhodahistoria.org/n14/artigos/flavia.pdf