A evolução do "Free Cinema" e a contestação das instituições

3 Dezembro 2015, 16:00 Mário Jorge Torres Silva

A figura central de Lindsay Anderson, enquanto ideólogo do free cinema e um dos iniciadores do movimento, sobretudo numa primeira fase, em que assinou alguns dos documentários e curtas-metragens - O Dreamland, 1953, Every Day Except Christmas, 1957 - , ainda hoje considerados como uma espécie de manifesto de uma forma revolucionária de reformular o cinema inglês: a evolução de uma longa perfeitamente integrável no movimento, This Sporting Life (1963) para filmes mais surrealizantes, traçando uma visão irrisória da Inglaterra que vai levar ao consulado catastrófico de Margaret Thatcher, metáforas mortíferas de um país a atacar a sua tradição de estado social - O Lucky Man! (1973) ou Britannia Hospital (1982).

Início do visionamento comentado de If... (Lindsay Anderson, 1968): a primeira grande metáfora da contestação a um estado repressivo, sob a representação de uma revolta estudantil contra os maus tratos infligidos numa public school, um dos sustentáculos ideológicos da Coroa e do Império; a premonição dos conflitos de Maio de 1968, em França, a importância da escola privada como microcosmos incongruente, em inexorável desaparição; o inesperado sucesso comercial e a Palma de Ouro em Cannes; Malcolm McDowell e a encarnação do herói insolente e violento, disposto a destruir o mundo que se configura na Igreja e nas autoridades académicas; a homossexualidade de Anderson e o olhar subversivo sobre a sexualidade reprimida, bem como sobre uma nova liberdade sexual patente nas relação dos três heróis do filme.