"If" (Lindsay Anderson, 1968) e as revoltas do final dos anos 60

10 Dezembro 2015, 16:00 Mário Jorge Torres Silva

Conclusão do visionamento comentado de If (Lindsay Anderson, 1968): as coordenadas autobiográficas e a sua transformação numa radical fábula revolucionária; os confrontos geracionais, tanto entre os alunos da instituição, quanto (e sobretudo) entre estes e os tutores, professores, pais ou autoridades eclesiásticas; a construção em capítulos; o lado aleatório da alternância entre o uso da cor e do preto-e-branco, na base de um filme formalmente desafiador das convenções políticas e estéticas; a concentração da acção no espaço claustrofóbico da escola; a função fundamental da sequência em que se rompe a unidade de espaço, saindo para os campos e propiciando o encontro do protagonista com a personagem feminina que vai introduzir no filme alguns dos traços eróticos mais perturbantes - o amor-tigre; a relevância icónica dos recortes de jornais e revistas colados nas paredes, trazendo para a ficção o revolucionário imaginário gráfico dos anos 60 - cenas de guerra, líderes de esquerda ou fotos de cariz mais ou menos escatológico; a função ritual da música - o Sanctus da africana Misa Luba; o filme e a construção de uma visão surrealizante, rara no imaginário britânico; o epílogo suspensivo e as contradições da revolta de um pequeno grupo contra o status quo.