Terence Davies: a nostalgia da infância e cinema proletário pós-modernista
15 Dezembro 2015, 16:00 • Mário Jorge Torres Silva
Breve introdução ao cinema pós-modernista de Terence Davies: a concepção de um musical pobre com restos de melodias e memórias de um mundo encantado da infância; a oposição clara à estética miserabilista da componente mais radical e ortodoxa do free cinema do início dos anos 60; a memória da infância e a sua conversão em espectáculo, embora sempre fazendo funcionar os flashbacks como modos de dignificar a classe trabalhadora a que o cineasta orgulhosamente pertence.
Início do visionamento comentado de The Long Day Closes (Terence Davies, 1992): uma Liverpool mais sonhada do que reconstituída; a infância rememorada a partir de fragmentos de cinema - canções, luzes, reflexos no protagonista que se vai transformando ao longo dos anos, usando três jovens actores; as ligações possíveis com o cinema em cantado de Jacques Demy, nomeadamente emulando algumas das estratégias narrativas de Jacquot de Nantes (Agnès Varda, 1991), uma estranha aventura (auto)biográfica.