Os melodramas da Gainsbororough

15 Outubro 2015, 16:00 Mário Jorge Torres Silva

Breve introdução à problemática do melodrama cinematográfico: relações privilegiadas com a ópera italiana, os folhetins oitocentistas ou o romance histórico; as estratégias do sentimento e a sua expressão artística mais ou menos codificada; as especificidades do género  na captação de espectadores, variando a sua função mediante o público a que se destina; o melodrama e o filme de mulheres; a importância da banda sonora e das peripécias aventurosas e romanescas.

A Gainsborough Pictures e as suas diferentes fases. Especificidades do melodrama da Gainsborough no contexto de guerra: a pouca qualidade dos materiais romanescos adaptados; a relação diirecta com o cinema de época, evocando períodos históricos de relevância icónica; o primarismo da construção das personagens, de modo a possibilitar a identificação imediata; a construção de um star system particular; a clareza de propósitos e o confronto óbvio entre Bem e Mal.

Início do visionamento comentado de The Man in Grey  (Leslie Arliss, 1943): a enorme importância do prólogo moderno, de forma a possibilitar uma imediata oposição entre passado e presente; a escolha do período da regência, enquanto mescla funcional entre a crise iminente e o esplendor da vida reconstituída, numa estratégia evidente de criar empatias no espectador média; a mediocridade do matrail de origem e a sua miscigenação com produtos maiores da literatura inglesa do século XIX, desde reminiscências dos romances de Jane Austen a quase citações explícitas de Jane Eyre de Charlotte Bronte, passando por uma série de pastiches destinados a elevar a menor complexidade dos conflitos sentimentais; o romance de cordel e o romance de aventuras, criando um objecto acessível e pouco exigente; as rivalidades femininas como motor do sucesso comercial do produto.