Comunicação Intercultural

 

2. 1º Ciclo de estudos

 

 

3.Docente responsável e respectivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o nome completo)

Ana Paula Ribeiro Tavares

 

4.Outros docentes e respectivas horas de contacto na unidade curricular

 

5.Objectivos de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes)

O objectivo da UC é fornecer a base teórica para uma abordagem sustentada a questões de

estudos culturais. Considerando-se o modo como o conceito tradicional de cultura tem vindo a ser objecto de questionamento e a forma como a identidade é entendida menos como um dado do que um processo complexo de identificação, a análise de processos de contacto e de intercâmbio cultural tem de ser consequentemente revista, bem como a própria noção de interculturalidade. Estas abordagens são articuladas com a análise de práticas culturais concretas, das quotidianas às artísticas, incluindo questões de cidadania, afim de fornecer aos estudantes as competências que lhes permitam uma abordagem prática a estes tópicos que não descure o elemento teórico-reflexivo. No final do semestre os estudantes deverão estar aptos a aplicar os seus conhecimentos.

 

 

6.Conteúdos programáticos

. Comunicacão intercultural

1.1. Problematização do conceito.

1.2. Comunicacão e ‘diferença’.

1.3. Cultura como diferença: Hierarquia e igualdade.

1.4. A produção da diferença

2. Interculturalidade/ Transculturalidade

2.1. Antropologia e situação colonial

a. Antropologia e subjectividade

b. Cultura e mudança

c. Antropologia e produção da diferença

2.2. Produção da diferença, hierarquias e fronteiras

a. Crise da representação etnográfica e pós-colonial idade

b. Transculturação na zona de contacto

c. Auto-etnografia, representação e poder

3. Diferença, estereótipo e representação

3.1.Racismo, corpo, desejo e ambivalência.

3.2. Raça e cultura

3.3.O Oriente como ‘diferença’

3.4.Representação e imagem

a. Representação e linguagem

b. Representação e poder

c. Estereótipos e sua genealogia

d. Contrariar estereótipos

4. Diferença, subalternidade, cidadania

4.1.Cidadania e civilidade

4.2.Cidadania e imigração: o direito a ter direitos

 

7.Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objectivos de aprendizagem da unidade curricular

A UC começa com a introdução dos principais conceitos a utilizar, ao mesmo tempo que os contextualiza com recurso a exemplos concretos, enquadrando-os historicamente e considerando-se o emergir da antropologia em contextos coloniais bem como o seu questionamento a partir de uma perspectiva pós-colonial. Os pressupostos teóricos, reflexivos fornecem os fundamentos que permitirão aos alunos analisar exemplos concretos, evitando a armadilha da exoticização da diferença. A Unidade introdutória (1) é complementada com materiais como filmes ou documentários a fim de possibilitar o debate em torno de exemplos que são articulados com as teorias apresentadas. A Unidade 2 concentra-se na ideia de cultura como diferença, segundo alguns desenvolvimentos surgidos no campo da antropologia cultural, ao mesmo tempo que se consideram tendências afins surgidas nos estudos culturais, nomeadamente a partir de uma perspectiva pós-colonial. A Unidade 3 aborda o conceito de representação, a sua poética - o seu sistema de significação - e a sua política - o modo como, através daquela o poder é exercido ou aceite -, assim fornecendo uma ferramenta decisiva para se abordar a questão do estereótipo, com particular ênfase na cultura visual, tendo em conta o seu poder e impacto para a (re)produção de estereótipos e a construção de uma diferença hierarquizada. Exemplos, extraídos predominantemente do cinema e da cultura visual desempenham um papel central, o mesmo sucedendo com os debates nas aulas baseados em textos, mas sempre articulados com experiências concretas dos alunos, a fim de propiciar uma compreensão mais fundamentada dos processos de exclusão e de segregação. Estes serão associados também com questões de imigração, identidade nacional e cidadania na Europa, principal tema da Unidade 4.

 

As MEs associam uma abordagem teórica com exemplos concretos e o envolvimento dos estudantes na sua análise, através da leitura  dos textos obrigatórios. É dada importância decisiva à participação oral e ao trabalho em grupo, como ponto de partida para um pensamento crítico e dialogante. O mesmo se aplica aos trabalhos escritos com o objectivo de desenvolver as capacidades argumentativas dos alunos e o confronto crítico com posições teóricas, pensadas a partir da necessidade de as aplicar em contextos precisos. Os textos de apoio bem como outros elementos são disponibilizados através de uma plataforma online. O acompanhamento dos alunos é efectuado nas aulas, através da partilha de informação na plataforma ou do atendimento individual/ em grupo. A avaliação compõe-se de 3 elementos: a) participação oral 30%, b) prova presencial escrita consistindo num comentário crítico a um excerto ou imagens ou o desenvolvimento de uma argumentação consistente a partir de uma questão precisa 35%; c) trabalho final escrito sobre um texto ou tópico previamente acordado com o docente.

9.Demonstração da coerência das metodologias de ensino com os objectivos de aprendizagem da unidade curricular

As ME conferem importância decisiva à leitura minuciosa dos textos teóricos, associando-a a exemplos práticos, ilustrativos, dos tópicos abordados, questão de

importância maior num campo em que a experiência e as práticas concretas, quotidianas

fornecem o pano de fundo a partir do qual os tópicos deverão ser abordados e explorados criticamente. As secções principais são planeadas de acordo com esta perspectiva, partindo de uma reflexão crítica acerca da própria noção de interculturalidade. As tarefas atribuídas aos estudantes tomam este ponto de partida em consideração, ao fornecerem as ferramentas teóricas e metodológicas necessárias para a análise de fenómenos contemporâneos, permitindo-lhes desenvolver um pensamento autónomo sobre as questões abordadas.

 

.Bibliografia

Balibar, Etienne. 2005. We the People of Europe. Reflections on Transnational Citizenship. Princeton, Oxford: PUP.

Benhabib, Seyla. 2005. Another Cosmopolitanism. Oxford: OUP.

Bhabha, Homi K. 1994. The Location of Culture. London, New York: Routledge.

Clifford, James. 1988. The Predicament of Culture. Cambridge, MA, London: HUP.

Fox, Richard, G., Barbara J. King. Eds. 2002. Anthropology beyond Culture. Oxford, New York: Berg.

Geertz, Clifford. 1973. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books.

Gilroy, Paul. 1993. The Black Atlantic. London: Routledge.

Hall, Stuart. 1997. Ed. Representation. Cultural Representations and Signifying Practices. London: Sage.

Herzfeld, Michael. 2001. Anthropology: Theoretical Practice in Culture and Society. Oxford: Blackwell.

Rosaldo Renato.1993. Culture and Truth. The Remaking of Social Analysis. Boston: Beacon Press.

Sanches, Manuela Ribeiro. 2005. Deslocalizar a Europa. Antropologia, Arte, Literatura e História na PósColonialidade. Lisboa: Cotovia.