Frank Borzage do primitivismo essencial ao melodrama de guerra

15 Outubro 2015, 14:00 Mário Jorge Torres Silva

O papel determinante de Frank Borzage na transição entre o melodrama vitoriano, perpetuado no cinema por David Wark Griffith e uma progressiva sofisticação industrial, sem nunca abandonar o seu cariz de primitivo, preocupado com os sentimentos mais básicos e com os sentimentais mais nobres: da inultrapassável matriz lacrimejante de Seventh Heaven (1927), explorando a coincidência e uma certa religiosidade do destino, às obras-primas dos anos 30, em que se conforma às complexidades da Depressão e às coordenadas desesperada da Geração Perdida do pós-guerra de 1914-1918 - Man's Castle (1933) ou Three Comrades (1938)

Início do visionamento comentado de Till We Meet Again (Frank Borzage, 1944): a oposição com Stahl, construindo um primitivo melodrama religioso, onde aquele sublinhara a amoralidade do moderno; a resistência de um pequena comunidade de freiras numa França de estúdio para consumo basicamente interno de propaganda anti-germânica; a simplicidade tocante da delimitação das personagens; o estilo poético de Borzage, ainda próximo da estética do cinema silencioso; a iconografia previsível de um microcosmos religioso que se vai complexificando em pequenas pinceladas, evitando sempre os grandes golpes de teatro, numa surdina significante; o triunfo do underacting e da subtileza, ainda que acentuando o lado mais datado e antiquado do melodrama borzageano.