Howard Hawks, mestre incontestado da comédia "screwball"
15 Dezembro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
Howard Hawks, apesar de encontrar na década de todas as comédias, a de 30, forte competição em cineastas como Frank Capra, Gregory La Cava ou Mitchell Leisen, assina, na referida década, duas das referências da comédia "screwball", o fundador Twentieth Century (1934) e a (porventura) obra-prima do género, Bringing Up Baby (1938). Mais do que isso, persiste, nas décadas seguintes, com His Girl Friday (1940), Ball of Fire (1941), I Was a Male War Bride (1949) ou Monkey Business (1952), para já não mencionar a comédia musical, Gentlemen Prefer Blondes (1953)
Início do visionamento comentado de Man's Favorite Sport? (Howard Hawks, 1964): a possível réplica do par Cary Grant / Katharine Hepburn na dupla formada por Rock Hudson (depois do sucesso das comédias românticas com Doris Day) com a azougada Paula Prentiss; o uso do gag físico, típico do burlesco, repetindo inúmeras relações com o absurdo (o urso que anda de bicicleta ou a pesca com as calças) e desenvolvendo um lado francamente sádico da "screwball" - o braço de gesso despedaçado a golpe de broca; os cruzamentos irrisórios com um Western caricatural, pelo uso do índio que tenta vender recordações; o domínio excessivo do feminino na tripartida presença das mulheres que submetem o protagonista; a subversão possível do "sonho americano" da especialização das capacidades, pela intrusão de um instrutor que nunca pescou, nem sequer sabe nadar.