A Americana como género cinematográfico específico
29 Outubro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
Introdução à personalidade complexa de Henry King, um dos pioneiros mais desvalorizados da História do Cinema: um dos apogeus ainda em princípio da carreira, com Tol'able David (1921), estabelecendo as coordenadas da Americana enquanto género cinematográfico, desde os contornos pictóricos da paisagem até ao psicologismo subtil das personagens, passando pela pormenorização dos interiores; a centralidade do melodrama com Stella Dallas (1925); a sua reconfiguração como tarefeiro de um estúdio (a Twentieth Century Fox), obrigando-o a desdobra-se em múltiplos géneros, incluindo westerns, swashbucklers ou musicais
Início do visionamento comentado de I'd Climb the Highest Mountain (Henry King, 1951): a essencialidade da Americana, explicitada numa acção interiorizada, caracterizando, de forma exemplar, um lado positivamente folclórico da viagem, da comunidade religiosa, dos interiores das casas, das receitas, dos pequenos rituais quotidianos, sem história, nem grandezas; o Western e a Americana, géneros opostos e complementares; a narradora feminina e o gosto pela pormenor de cerimónias religiosas, piqueniques comunitários, jogos de tradição e a placidez da vida entre montanhas; a ideologia protestante do Bible Belt e as grandes questões sobre a sobrevivência, a vida e a morte, aproximando a pequena narrativa pelo interior da Georgia numa clara metáfora da americanidade própria dos Founding Fathers.