"Sea Devils" (Raoul Walsh, 1953) e as variações paródicas do "swashbuckler"
24 Novembro 2015, 14:00 • Mário Jorge Torres Silva
Raoul Walsh e o rigor narrativo dos seus "filmes marítimos", juntando Sea Devils a Captain Horatio Hornblower (1951), The World in His Arms (1952) e Blackbeard, the Pirate (1952), numa espécie de curiosa tetralogia do mar, em que mistura paródia, melodrama e filme de época, com a clara noção de um distanciamento crítico e autorreflexivo.
Conclusão do visionamento comentado de Sea Devils (Raoul Walsh, 1953): a glória do swashbuckler numa espécie de coreografia dos movimentos e das relações com a paisagem; a precisão da mise-en-scène de Walsh, dando total consistência a um filme que se apresenta em simultâneo como uma desmontagem e um pastiche dos filmes de capa-e-espada, codificados em excesso; os mecanismos da comédia imiscuídos numa brilhante história de contrabandistas e flibusteiros, filmados com panache em glorioso technicolor; o divertimento e a seriedade de um cinema de puro entretenimento, assumido enquanto tal; a História como pretexto e as peripécias acrobáticas construídas para corresponder a uma rigorosa pintura de marinha oitocentista; os valores de produção revelando a força das imagens evocadoras da pintura de género.