16 Outubro 2020, 09:30
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Luís Filipe Sousa Barreto
Existe uma processual em mútua constituição dos termos/ideias de Ásia e de Europa. Ambas são tomadas como partes chave do mundo e ambas são compostas por diferentes partes que não anulam uma certa unidade mas, ambas , no seu todo e nas suas partes , pressupõem-se mutuamente .Europa / Sol Poente pede Ásia / Sol Nascente e vice- versa. Para a formulação em grego , a seguir em latim , mais tarde e até aos nossos dias nas restantes línguas europeias e em línguas como o chinês , japonês, persa, árabe, etc , a partir do século XIX, os termos Ásia/Europa são espelhos de autoimagem / identidade e de Diferença..
Nas formulações europeias , as únicas existentes até meados do século XIX , existe uma ambivalência entre Ásia Próxima e Ásia Distante . A Primeira das Ásias , seja a Pérsia para Gregos e Romanos , ou o Islão , em especial a Turquia Otomana a partir do século XV , para os Estados e o Papado da Europa /Cristandade , tem um maior relacionamento com a Europa , mais directo e que possibilita maior conhecimento/ troca mas, ao mesmo tempo , gera também mais concorrência, oposição, distanciamentos, conflitualidade. Pelo contrário, a Ásia Distante, seja a Índia para os Gregos, a China para os Romanos, a China Ming e Qing , o Japão , a Coreia, para os Estados europeus dos séculos XVI a XVIII, de menor e menos directo relacionamento, de menor conhecimento/ troca, gera menos oposição, distanciamento mental/ ideológico, menos conflitualidade . A Proximidade geoestratégica Europa - Ásia gera intimidade e conflitualidade , proximidade e oposição enquanto que o Distanciamento geoestratégico gera ideal entendimento, afinidades electivas.
A ambivalência é no entanto bem mais complexa .A Ásia Próxima, o Persa ou o Turco , é maioritariamente um oposto/negativo mas é também , embora minoritariamente , Positiva .Um Positivo que que serve mesmo para a autocritica e a valoração negativa europeias de certos aspectos da própria Europa .Alguns exemplos de enunciados sobre conhecimento, reconhecimento, designação, valoração. do século XVI ao século XVIII.
Os termos /ideias de Ásia e de Europa , de Oriente e de Ocidente, pedem adjuvantes, pedem todo um complementar vocabulário de designação e de valoração desde Centro/ Região Central a Continentes e Oceanos, Civilizado/ Policiado-Polido a Bárbaro .Também aqui uma complexa pluralidade , oscilação, ambivalência nestas palavras também saturadas/ polissémicas.
A grande transformação a partir dos finais do século XVIII e no século XIX nos processos de relacionamento internacional e transcultural Europa - Ásia e as alterações de sentido, conhecimento, valoração nos termos .Primeiros elementos de exposição.