Qual o lugar de um teatro não antropocêntrico no antropoceno? Professores Alexandre Calado, Pedro Florêncio, Sérgio Mascarenhas

12 Abril 2021, 14:00 Anabela Rodrigues Drago Miguens Mendes

ABRIL                             2ªFEIRA                                            9ª AULA

 

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Alexandre Pieroni Calado

Pavor de marionetas

Proponho trabalhar o âmbito «Espectáculo e Cognição» pelo ângulo do teatro, com ênfase na teoria do actor. Tomaremos o texto «Sobre o teatro de marionetas», de Heinrich von Kleist, como possível quadro de referência para averiguar alguns aspectos das teorias do actor de Oscar Schlemmer e de Vsevolod Meyerhold. Mais especificamente, conto poder mostrar que Schlemmer e Meyerhold tinham a marioneta como um modelo do actor ideal, ainda que cada um dos artistas privilegie nesse modelo aspectos particulares. Julgo oportuno retomar Kleist, Schlemmer e Meyerhold porquanto entendo que o entusiasmo que revelaram pela marioneta continua a estimular relevantes artistas teatrais dos nossos dias, mesmo se as resistências a tal modelo do actor não perderam o seu vigor no presente regime de sensibilidade.

 

Sessão 1 – Podemos pensar um teatro não antropocêntrico?

Na primeira sessão gostaria de conversar sobre a hipótese de Schlemmer ter pensado o actor-bailarino a partir de uma ideia de homem enquanto ser integrado num ambiente que desconhece distinções absolutas entre o orgânico e o inorgânico. Uma primeira incursão no texto de Kleist permitirá a articulação deste com o texto «Man and Art Figure», de Schlemmer; em seguida, o trabalho de Schlemmer será relacionado com a noção de «biotécnica», de Raoul Francé, tal como nos chega através de Lásló Moholy-Nagy, e com uma ética da «amizade entre homens e máquinas», tal como é defendida por Gilbert Simondon.

 

Indicações de leitura:

 

H. v. Kleist, «Sobre o teatro de marionetas» (pp. 133 - 143)

 

O. Schlemmer, «Man and Art Figure» (pp. 17 - 45)

[https://monoskop.org/images/a/a7/Gropius_Walter_ed_The_Theater_of_the_Bauhaus.pdf ; já partilhado pelo professor Pedro]

 

L. Maholy-Nagy, «Biotechnics as a method of Creative Activity» (p.29) + «Geometrical and Biotechnical Elements» (p. 46)

[https://monoskop.org/images/a/af/Moholy-Nagy_Laszlo_The_New_Vision_and_Abstract_of_an_Artist.pdf]

 

G. Simondon, «Entretien sur la méchanologie» (pp. 110, 112, 121, 128)

[em anexo; abaixo as ligações para o registo da entrevista com legendas em inglês, em três partes]

<https://www.youtube.com/watch?v=38KEnSBj1rI>

<https://www.youtube.com/watch?v=7l3B4kLA0z8>

<https://www.youtube.com/watch?v=38KEnSBj1rI>

 

Indicações de visionamento:

H. Goebbels (Lausanne, 2007), Stifters Dinge
https://www.heinergoebbels.com/en/archive/works/complete/view/4/info https://vimeo.com/134605443
https://www.artangel.org.uk/project/stifters-dinge/