Prática de leitura e escrita

17 Março 2020, 10:00 Isabel Maria da Cunha Rosa Fernandes

Caros Estudantes,

 

Em condições normais, hoje teriam tido o vosso primeiro teste escrito. Mas vivemos tempos imprevisíveis e não vou fingir que está tudo bem.

Apesar de tudo, espero que tenham tido a oportunidade de ler o romance e até talvez de ver o filme que vos recomendei na semana passada. E, sobretudo, espero que tenham gostado. Voltaremos a eles no fim do semestre, como vos disse.

Como sabem, a nossa UC tem sobretudo a ver com a leitura e a escrita, procurando praticar ambas. Por isso, a minha ideia era pedir-vos que aproveitassem esta oportunidade para lerem tanto quanto vos for possível, durante esta quarentena forçada. Mas que o façam como meio de tornar mais fácil o passar do tempo e assim salvaguardar a vossa sanidade mental. Isto implica ler por prazer: aquilo que mais vos interesse / motive / toque, de Harry Potter à ficção científica, do fantástico aos romances “sérios”, da BD à poesia ou ao drama… Leiam, leiam, leiam, e podem ter a certeza de que a literatura vos irá proporcionar momentos de escape, conhecimento e entretenimento, permitindo-vos aceder a um nível de experiência alternativo, libertando-vos momentaneamente dos constrangimentos e desafios do momento actual.

Uma outra sugestão será a de começarem a escrever um diário. Não tem de ser nada de muito pensado nem formalmente acabado, para ser lido por outrem, mas sim um acto livre que vos permita registar desde o desabafo ocasional ao relato diário mais coerente, ou mesmo o inesperado poema ou uma simples frase. Também poderá incluir impressões das leituras que forem fazendo… Ao fazê-lo, podem ter a certeza de que vos ajudará a manter o equilíbrio.

Enfrentamos tempos difíceis e incertos e não sabemos por quanto tempo. É quase como estar à deriva numa jangada no meio dum mar revolto. Ler e escrever pode constituir os remos, permitindo-nos manter o desespero e a frustração à distância e ajudando-nos a encontrar sentido no meio dum oceano onde estamos à deriva.*

Espero e desejo sinceramente que vocês e as vossas famílias sejam capazes de vencer as dificuldades presentes do melhor modo. A literatura pode ser um utensílio poderoso! Como cantou a Joan Baez, nos anos 60: “We shall overcome!”

Tudo de bom, tomem cuidado e mantemo-nos em contacto.

 

Isabel Fernandes

 

* A imagem da jangada e dos remos apareceu na coluna do Padre Tolentino Mendonça no Expresso do passado fim-de-semana, intitulado “Libroterapia”, cuja leitura recomendo.