II. Sobre Sentido e Denotação - 3

4 Outubro 2021, 17:00 António José Teiga Zilhão

Análise e discussão do ensaio de Gottlob Frege Sobre Sentido e Denotação (Ueber Sinn und Bedeutung) de 1892 - 3

Continuação da análise da questão: Em que casos é que a denotação de uma oração subordinada no contexto de uma frase complexa não é um valor de verdade? 

A) Distinção entre orações subordinadas substantivas, adjectivas e adverbiais e análise desta questão específica em cada um destes tipos de orações subordinadas: 1. As orações subordinadas em discurso indirecto (já analisadas) são um caso particular de orações substantivas; 2. Extensão do caso das orações subordinadas em discurso indirecto, em que a denotação das mesmas e dos termos singulares que nelas ocorrem é indirecta (i.e., é um pensamento, no primeiro caso, ou um modo de apresentação, no segundo caso), à generalidade dos casos em que as orações subordinadas substantivas ocorrem no âmbito de uma frase complexa de atribuição de atitude proposicional; 3. Extensão da análise anterior ao caso das orações adverbiais finais, imperativas e interrogativas, i.e, inclusão destas no mesmo âmbito do das orações substantivas que ocorrem no âmbito de uma frase complexa de atribuição de atitude proposicional; assim, também elas denotam pensamentos, ordens ou perguntas, mas não valores de verdade; 4. Análise do caso das orações subordinadas, substantivas ou adjectivas, começadas por um pronome relativo, que, na realidade, desempenham o papel de uma descrição definida: nestes casos, a denotação dessa oração subordinada é um objecto ou indivíduo e o seu sentido é apenas parte de um pensamento (um modo de apresentação) e não um pensamento completo. B) A importância da tese de que, no âmbito dos usos cognitivos do discurso, o uso correcto de um nome próprio pressupõe que o mesmo tenha que ter uma denotação. C) Análise do caso das orações subordinadas adverbiais de tempo e lugar como um sub-caso das orações substantivas anteriormente analisadas em que as mesmas se comportam como termos singulares e têm, por isso, por denotação um objecto; caracterização lógica concomitante de instantes ou durações temporais e de lugares ou áreas como objectos.