Analítica do Belo (1.º momento)
16 Abril 2019, 14:00 • Adriana Veríssimo Serrão
Analítica do Belo (1.º momento)
O modo estético do sentimento:
Aliança (síntese) entre sentimento e juízo
Para distinguir se algo é belo ou não, nós não referimos a representação ao objecto por meio do entendimento, tendo em vista o conhecimento, mas referimo‑la por meio da imaginação (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito e ao sentimento de prazer e desprazer deste. O juízo de gosto não é, portanto, um juízo de conhecimento; por consequência, não é lógico, mas estético, pelo qual entendemos aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser senão subjectivo. (KU, §1).
O sentimento é o “modo como o sujeito se sente afectado pela representação” (§1).
Faculdade de julgar e sentimento no sistema das faculdades (Introdução, IX).
Conjunto das faculdades do ânimo |
Faculdades de conhecer |
Princípios a priori |
Aplicação a |
Faculdade de conhecer |
Entendimento |
Conformidade a leis |
Natureza |
Sentimento de prazer e desprazer |
Faculdade de julgar |
Conformidade a fins |
Arte |
Faculdade de desejar |
Razão |
Fim final |
Liberdade |
- Distinção entre juízo determinante e reflexionante (Introdução IV)
Análise do 1.º momento da Analítica do Belo: o conceito de desinteresse; distinção entre agradável, bom e útil.
O momento da universalidade (§6-9) identifica o princípio a priori da contemplação como um acto de ajuizamento (Beurteilung) da faculdade de julgar no seu uso reflexionante.
A experiência singular tem como condição da sua possibilidade a universalidade das condições subjectivas da reflexão em geral: o acordo da imaginação e do entendimento.
A subjectividade universal estética é o fundamento da comunicabilidade do estado do ânimo. Estabelecida fica a diferença entre o plano da génese, a ordem temporal da vivência – contemplação, prazer sentido e o juízo proferido –, e o plano da origem ou a ordem transcendental – a precedência das condições a priori da reflexão sobre o prazer.
A tensão entre individualidade e comunicabilidade que David Hume resolvia no plano dos consensos a posteriori e fixava em modelos objectivos (artísticos) tem, para Kant, uma solução transcendental. Singular pela vivência, o sentimento do belo repousa na "inteira esfera dos sujeitos que julgam".
A vivência estética individual não conduzirá ao egoísmo, ao isolamento de cada um na sua esfera privada. Testemunho proferido e declaração pública de um acto pessoal, o gosto é ao mesmo tempo um modo de estar em comum e funda uma maneira alargada de ver o mundo em que os juízos podem ser confrontados e discutidos num espaço de autonomia partilhada e de liberdade conjunta (§§ 40 e 57).
- Liberdade e desinteresse / O momento da qualidade: distinção de belo, agradável, bom e útil:
Vê‑se facilmente que para dizer belo um objecto […] o que importa é o que eu descubro em mim em relação a essa representação e não aquilo pelo qual dependo da existência do objecto. (KU, §3).
- Uma fenomenologia da experiência estética: Contemplação, prazer e juízo (reflexionante).
A forma como condição do objecto.