Hegel: a historicidade da arte.

30 Abril 2019, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

Hegel: a historicidade da arte. A ar­te como manifestação sensível do absoluto. O primado da beleza artística. Linguagem poética e pen­sar filo­sófico.

 

Hegel, Vorlesungen über die Ästhetik / Lições de Estética (Berlin 1820-1829); Estética: texto de trabalho: Introdução, trad. port., Lisboa: Guimarães, 1952-1964.

 

 

 

*I. A concepção objectiva da Arte

 

-- A Estética como filosofia da Arte ou Ciência do Belo artístico com exclusão do belo natural (pp.2-3).

“Só o espiritual é verdadeiro”: o belo como criação do espírito (superioridade do belo artístico em relação ao natural). A arte como uma manifestação do espírito (p. 5)

O ponto de partida da Estética / refutação dos argumentos contra uma Ciência da Arte

a) a ideia de Belo (Platão: começar pela ideia, e não pelo múltiplo) (pp.6-9)

b) possibilidade de uma ciência da arte: a essência do espírito é o pensamento (9 ss).

c) arte não é aparência mas manifestação (11 ss)

 

“A ar­te como manifestação (sensível)  do absoluto.”

Arte (sensibilidade) – Religião  (intuição e sentimento) – Filosofia (conceito)

Arte e religião não se compreendem a si mesmas: o ponto de vista da Filosofia.

Enciclopédia do Saber Absoluto: Filosofia da Arte, Filosofia da Religião, e Filosofia da Filosofia.

 

*II Ideias correntes sobre a natureza da Arte (imitação da natureza; despertar da alma; função moralizadora).

 

*Plano Geral da Obra (final da Introdução)

- Arte: a) unidade de conteúdo (ideia) numa forma (sensível);

b) conteúdo concreto;

c) figura sensível individual.

- Historicidade da Arte ou do Espírito na Arte: processo da consciência de si do Absoluto.

Lógica imanente à  historicidade artística: a arte  busca o seu  ideal.

“Uma obra de arte é tanto mais perfeita quanto o seu conteúdo e a sua ideia correspondem a uma verdade mais profunda.” p. 145 da trad. fr.

A tensão entre conteúdo (espiritual) e forma (sensível)

O movimento dialéctico: afirmação/ negação/ negação da negação.

O Espírito na História: as grandes épocas

Épocas

ORIENTAL

CLÁSSICA

ROMÂNTICA

 

Arte simbólica

 

 

 

 

Religião (natural)

Filosofia grega

Cristianismo

 

 

 

 

 

Género artístico predominante

Arquitectura

Escultura 

Pintura

Música

Poesia

 

Desmesura do conteúdo sobre a forma sensível

Adequação perfeita entre conteúdo e forma

 

 

 

 

 

 

Sublime (informe)

Os colossos

matérico

Realização máxima da beleza na figura humana

 

A morte da arte

Nenhuma forma sensível é adequada ao conteúdo religioso

Infinitude

Experiência da interioridade

 

 

 

Da palavra ao Conceito

Linguagem poética e pen­sar filo­sófico.

 

 

Filosofia especulativa

 

 

A morte da Arte

“As estátuas são agora cadáveres que a sua alma viva abandonou; os hinos tornaram-se palavras dos quais a fé se retirou. A mesa dos deuses está agora sem alimento espiritual nem bebida, e depois de jogos e festas a consciência já não encontra a experiência feliz da sua unidade com a própria essência … Assim, quando o destino nos oferece estas obras não nos dá o seu mundo, a primavera da vida cultural que as viu florir, o verão que as viu amadurecer, mas tão-só a lembrança velada da sua realidade.

Quando as apreciamos … trata-se de uma actividade que permanece totalmente exterior … ela não acede à interioridade da realidade cultural que produziu as obras e que lhes insuflou espírito; ela monta uma construção complicada a partir de elementos mortos da sua existência exterior, da sua língua, da sua história, etc. Nós não vivemos nelas, apenas as representamos em nós.”

Hegel, Fenomenologia do Espírito, ed. Hoffmeister, p. 523.

Estética, pp. 16-17 da trad. fr.