HEGEL: A HISTORICIDADE DA ARTE. A AR¬TE COMO MANIFESTAÇÃO SENSÍVEL DO ABSOLUTO. O PRIMADO DA BELEZA ARTÍSTICA. LINGUAGEM POÉTICA E PENSAR FILOSÓFICO.

23 Maio 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão


Hegel, Vorlesungen über die Ästhetik / Lições de Estética (Berlin 1820-1829); Estética), trad. port., Álvaro Ribeiro e Orlando Vitorino, Introdução de Pinharanda Gomes, Lisboa: Guimarães, 1952-1964.

Texto analisado: “Introdução”.

  A Estética como filosofia da Arte

ou Ciência do Belo artístico com exclusão do belo natural (pp.2-3)

 O belo como criação do espírito

A arte como uma manifestação do espírito (p. 5)

“Só o espiritual é verdadeiro.”

“O belo natural é … um reflexo do espírito … só é belo na medida em que participa do espírito … modo incompleto do espírito.”

 

Ponto de Partida / refutação dos argumentos contra uma Ciência da Arte

a) a ideia de Belo (Platão: começar pela ideia, não pelo múltiplo) (pp.6-9)

b) possibilidade de uma ciência da arte: a essência do espírito é o pensamento (9 ss).

c) arte não é aparência/ aparição mas manifestação (11 ss)

 

 A ar­te como manifestação sensível do absoluto

Historicidade da Arte ou do Espírito na Arte: processo da consciência de si do Absoluto / Sujeito / Razão

Formas do espírito absoluto: Arte (sensibilidade/ apresentação sensível) – Religião (sentimento e intuição) -- Filosofia (conceito)

A compreensão da arte dá-se na filosofia da arte (da religião na filosofia da religião, da filosofia na filosofia da filosofia (Ciência da Lógica).

“A filosofia da arte forma um anel necessário no conjunto da filosofia.”

 

Objectividade da arte

Centra-se na ideia de belo (#expressão individual, # gosto…) / nas obras enquanto nelas se incarna a ideia de belo.

 Historicidade: processo da ideia para se realizar:

Progresso e regresso; dialéctica: afirmação / negação/ negação da negação / ….

caminho do imediato ao especulativo

A arte busca o seu ideal: Tensão entre conteúdo (espiritual) e forma (sensível) / o conteúdo (espiritual) que busca a sua forma adequada.

 

Essência da arte: nem imitação nem mera expressão da alma, mas revelação do espírito, que aparece sob modos sensíveis. É sempre a ideia que se revela na diversidade das suas aparições.

 

 

Espírito na História: as épocas

Oriental

Clássica

Romântica

Arte simbólica

 

 

 

Religião (natural)

Filosofia grega

Cristianismo

 

 

(mundo interior)

 

Arquitectura

Matéria pesada

Escultura – medida da razão humana

Matéria trabalhada

Pintura

Materiais visíveis

Desmesura do conteúdo sobre a forma

Adequação perfeita entre conteúdo e forma finita

Música

Audição /ressonância auditiva

 

 

Poesia

Palavra

Sublime (informe)

Realização máxima da beleza na figura humana

Nenhuma forma sensível é adequada ao conteúdo religioso

Infinitude

Experiência da interioridade

 

 

 

Da palavra ao Conceito

Linguagem poética e pen­sar filo­sófico.

 

 

 

Filosofia especulativa

Verdade

Saber Absoluto

Ciência da Lógica

  

A morte da Arte

 

“A Arte já não tem para nós a elevada destinação que teve outrora. Tornou-se para nós objecto de representação e não tem mais aquela imediatidade que tivera na época da sua floração.”

 

“ A obra de arte é, pois, incapaz de satisfazer a nossa derradeira necessidade de Absoluto.”

“… permanece para nós, quanto à sua destinação suprema, uma coisa do passado.” 13

 

“As estátuas são agora cadáveres que a sua alma viva abandonou; os hinos tornaram-se palavras dos quais a fé se retirou. A mesa dos deuses está agora sem alimento espiritual nem bebida, e depois de jogos e festas a consciência já não encontra a experiência feliz da sua unidade com a própria essência … Assim, quando o destino nos oferece estas obras não nos dá o seu mundo, a primavera da vida cultural que as viu florir, o verão que as viu amadurecer, mas tão-só a lembrança velada da sua realidade.

Quando as apreciamos … trata-se de uma actividade que permanece totalmente exterior … ela não acede à interioridade da realidade cultural que produziu as obras e que lhes insuflou espírito; ela monta uma construção complicada a partir de elementos mortos da sua existência exterior, da sua língua, da sua história, etc. Nós não vivemos nelas, apenas as representamos em nós.”

Hegel, Fenomenologia do Espírito, ed. Hoffmeister, p. 523.