Sumários

5. MERLEAU-PONTY E PAUL KLEE: FENOMENOLOGIA E ONTOLOGIA DA EXPRESSÃO ARTÍSTICA. A AR¬TE COMO VISÃO EXEMPLAR E LINGUAGEM ORIGINÁRIA.

30 Maio 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

 

5. MERLEAU-PONTY E PAUL KLEE: FENOMENOLOGIA E ONTOLOGIA DA EXPRESSÃO ARTÍSTICA. A AR­TE COMO VISÃO EXEMPLAR E LINGUAGEM ORIGINÁRIA.

 Merleau-Ponty, O Olho e o Espírito,  Lisboa, Lisboa, Vega. L’Oeil et l’Esprit, Paris, Gallimard, 1964.

Paul Klee, Escritos sobre arte, Teoria da Arte Moderna.1964 (anos 20 ss do século XX)

 

1. Conceito de fenomenologia

-  Hegel e Edmund Husserl

 Recuperação da consciência natural e recuperação do ser do mundo.

Crítica da ciência, da técnica e do cientismo: pensamento construtivo e operatório.

Crítica do historicismo: redução do presente ao passado.

Crítica da cultura erudita: Suspensão das mediações e das conceptualizações.

 

2. O imediato e pré-reflexivo na experiência do mundo.

Recolocar o pensamento no ser: ontologia

o “há (il y a), “o solo do mundo sensível e do mundo operado”, “tal como são na nossa vida, para o nosso corpo… esse corpo actual que chamo meu, a sentinela que se mantém silenciosamente sob as minhas palavras e sob os meus actos.” (12-13)

Noção de fenómeno: aparecer do ser, superação das antinomias e dualismos

Busca do originário / Descrição de experiências vividas / de encontro e enraízamento no ser/

 

 3. A Pintura como visão exemplar

Para além do conhecimento e da acção:

“… a arte e nomeadamente a pintura sondam nessa toalha de sentido bruto de que o activismo nada quer saber. São mesmo as únicas a fazê-lo com inteira inocência.

… O pintor é o único a ter direito de olhar para todas as coisas sem nenhum dever de apreciação. (14)

“É emprestando o seu corpo ao mundo que o pintor muda o mundo em pintura” (16).

 A reversibilidade avesso/direito do ser / Visível / invisível

contra o mundo-quadro a distância.

“Imerso no mundo pelo seu corpo, ele mesmo visível, o vidente não apropria a si aquilo que vê: apenas se aproxima dele pelo olhar, abre sobre o mundo. E, por sua vez, este mundo, de que ele faz parte, não é em si ou matéria. … É o seguimento natural e a maturação da visão…. (18)

O enigma consiste nisto, em ser vidente e visível. Ele que olha todas as coisas, pode também olhar-se, e reconhecer então naquilo que vê o “outro lado” da sua potência vidente. Ele vê-se vendo, toca-se tocando, é visível e sensível para si-mesmo.” (18).

 

4. Os pintores

Cézanne

Van Gogh

Paul Klee

 

 Bibliografia 

– Maria Luísa Carlos, A visão como sentir exemplar. Diálogos com Merleau‑Ponty, Mestrado em Estética e Fi­losofia da Arte, FLUL, 2008.

– Ana Mantero, O traço da infância. Diálogos com Paul Klee, Mestrado em Estética e Filosofia da Arte, FLUL 2000.

 

Indicações sobre o teste

Dia 6 de Junho 14h-17 Sala 11 PN

 

Entrega dos trabalhos

Dia 6 de Junho

Pessoalmente

Junto de D. Isabel

Por e-mail até às 24h de 6 de Junho

No cacifo (excepcionalmente).

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HEGEL: A HISTORICIDADE DA ARTE. A AR¬TE COMO MANIFESTAÇÃO SENSÍVEL DO ABSOLUTO. O PRIMADO DA BELEZA ARTÍSTICA. LINGUAGEM POÉTICA E PENSAR FILOSÓFICO.

23 Maio 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão


Hegel, Vorlesungen über die Ästhetik / Lições de Estética (Berlin 1820-1829); Estética), trad. port., Álvaro Ribeiro e Orlando Vitorino, Introdução de Pinharanda Gomes, Lisboa: Guimarães, 1952-1964.

Texto analisado: “Introdução”.

  A Estética como filosofia da Arte

ou Ciência do Belo artístico com exclusão do belo natural (pp.2-3)

 O belo como criação do espírito

A arte como uma manifestação do espírito (p. 5)

“Só o espiritual é verdadeiro.”

“O belo natural é … um reflexo do espírito … só é belo na medida em que participa do espírito … modo incompleto do espírito.”

 

Ponto de Partida / refutação dos argumentos contra uma Ciência da Arte

a) a ideia de Belo (Platão: começar pela ideia, não pelo múltiplo) (pp.6-9)

b) possibilidade de uma ciência da arte: a essência do espírito é o pensamento (9 ss).

c) arte não é aparência/ aparição mas manifestação (11 ss)

 

 A ar­te como manifestação sensível do absoluto

Historicidade da Arte ou do Espírito na Arte: processo da consciência de si do Absoluto / Sujeito / Razão

Formas do espírito absoluto: Arte (sensibilidade/ apresentação sensível) – Religião (sentimento e intuição) -- Filosofia (conceito)

A compreensão da arte dá-se na filosofia da arte (da religião na filosofia da religião, da filosofia na filosofia da filosofia (Ciência da Lógica).

“A filosofia da arte forma um anel necessário no conjunto da filosofia.”

 

Objectividade da arte

Centra-se na ideia de belo (#expressão individual, # gosto…) / nas obras enquanto nelas se incarna a ideia de belo.

 Historicidade: processo da ideia para se realizar:

Progresso e regresso; dialéctica: afirmação / negação/ negação da negação / ….

caminho do imediato ao especulativo

A arte busca o seu ideal: Tensão entre conteúdo (espiritual) e forma (sensível) / o conteúdo (espiritual) que busca a sua forma adequada.

 

Essência da arte: nem imitação nem mera expressão da alma, mas revelação do espírito, que aparece sob modos sensíveis. É sempre a ideia que se revela na diversidade das suas aparições.

 

 

Espírito na História: as épocas

Oriental

Clássica

Romântica

Arte simbólica

 

 

 

Religião (natural)

Filosofia grega

Cristianismo

 

 

(mundo interior)

 

Arquitectura

Matéria pesada

Escultura – medida da razão humana

Matéria trabalhada

Pintura

Materiais visíveis

Desmesura do conteúdo sobre a forma

Adequação perfeita entre conteúdo e forma finita

Música

Audição /ressonância auditiva

 

 

Poesia

Palavra

Sublime (informe)

Realização máxima da beleza na figura humana

Nenhuma forma sensível é adequada ao conteúdo religioso

Infinitude

Experiência da interioridade

 

 

 

Da palavra ao Conceito

Linguagem poética e pen­sar filo­sófico.

 

 

 

Filosofia especulativa

Verdade

Saber Absoluto

Ciência da Lógica

  

A morte da Arte

 

“A Arte já não tem para nós a elevada destinação que teve outrora. Tornou-se para nós objecto de representação e não tem mais aquela imediatidade que tivera na época da sua floração.”

 

“ A obra de arte é, pois, incapaz de satisfazer a nossa derradeira necessidade de Absoluto.”

“… permanece para nós, quanto à sua destinação suprema, uma coisa do passado.” 13

 

“As estátuas são agora cadáveres que a sua alma viva abandonou; os hinos tornaram-se palavras dos quais a fé se retirou. A mesa dos deuses está agora sem alimento espiritual nem bebida, e depois de jogos e festas a consciência já não encontra a experiência feliz da sua unidade com a própria essência … Assim, quando o destino nos oferece estas obras não nos dá o seu mundo, a primavera da vida cultural que as viu florir, o verão que as viu amadurecer, mas tão-só a lembrança velada da sua realidade.

Quando as apreciamos … trata-se de uma actividade que permanece totalmente exterior … ela não acede à interioridade da realidade cultural que produziu as obras e que lhes insuflou espírito; ela monta uma construção complicada a partir de elementos mortos da sua existência exterior, da sua língua, da sua história, etc. Nós não vivemos nelas, apenas as representamos em nós.”

Hegel, Fenomenologia do Espírito, ed. Hoffmeister, p. 523.

 

 

 

 


A Analítica do Sublime

16 Maio 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão


 

Belo e Sublime: Duas experiências estéticas:

Semelhanças e diferenças do modo da relação entre sujeito e objecto §23

 Suscitado por manifestações da grandeza ilimitada ou da potência desmedida da natureza selvagem (não humanizada), destituída porém "de encantos e de perigos"(§26)a vivência do su­blime tem início numa des­con­for­­midade, entre a re­cep­ti­vidade da sen­si­bi­lidade e o mundo fenoménico, que anula qualquer expectativa de prazer.

Duas modalidades do informe/excedência

- grandeza (excessiva): o absolutamente- grande;

- força, potência, dinamismo: o absolutamente-potente.

 A dinâmica das faculdades

- a) o esforço e a derrota da imaginação: o sentimento de desprazer.

b) a intervenção do pensamento do infinito: sentimento estético e sentimento moral

A razão intervém para preencher o vazio de es­que­mas com ideias e esclarecer o verdadeiro sen­­­tido do desprazer (Unlust).

"o sublime da natureza é uma expressão imprópria e [...] só deve ser atri­buí­do com propriedade à maneira de pensar, ou melhor, ao seu fun­da­mento na natureza humana." §30

 Na orientação estético-intelectual, a satisfação provém da ampliação da ima­ginação que se engrandeceu num esforço quase criador – "não se trata de uma satisfação relativa ao objecto [..], mas de uma satisfação relativa ao alargamento da imaginação em si mesma" §25.

 Na orientação estético-moral, a falência da imaginação é avaliada também po­sitivamente, mas já do ponto de vista inteligível, como a capacidade de resistência da natureza humana quando confrontada com um poder maior.

O sentido próprio do sublime desvenda-se na incomensurabilidade entre a moralidade em nós e a na­tureza em nós:

“Assim, a su­blimi­dade não está contida em nenhuma coisa da natureza, mas apenas no nosso ânimo, na medida em que podemos tornar‑nos conscientes de sermos superiores à na­tureza em nós, e daí, à na­tureza fora de nós, desde que ela exerça a sua acção sobre nós.” §28

 

 A antropologia da/ na Estética.

A dupla orientação da estética kantiana em belo e sublime assenta na diferença entre duas dinâmicas anímicas. Numa, a harmonia da imaginação e do entendimento acompanhada do sentimento de prazer persiste durante todo o tempo da contemplação, proporcionando o equilíbrio e a pacificação; na outra, o esforço da imaginação para apreender, na unidade de uma intuição, a ilimitação e excessividade, esforço esse, que votado ao fracasso, produz um conflito entre atracção e repulsão pelo objecto, que coloca o sujeito na ins­ta­bilidade entre contracção e ex­pansão das suas forças vitais.

A duplicidade de beleza e sublimidade deve ser perspectivada também pelo tipo de manifestação natural em causa. Se não ela a causar mecanicamente o prazer, não deixa de despertar a admiração em virtude das qualidades próprias. Toda a análise de Kant – seja na descrição fenomenológica, seja como fundamentação transcendental – mostra como não seria possível comutar os modos do objecto e os tipos de sentimento, subjazendo, num caso, a expressão positiva da finalidade, no outro, uma resistência à natureza sentida como contrária à finalidade (zweckwidrig) §23.

 


Continuação da aula anterior

9 Maio 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

 
Não deve ser considerada a aula de 25 de Abril (feriado), mantendo-se exacta a ulterior sequência dos Sumários.


Pensar e sentir na experiência estética

2 Maio 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

Pensar e sentir na experiência estética

... o gosto é uma faculdade de apreciar um objecto em relação à livre le­ga­li­dade da ima­­ginação. Ora, se no juízo de gosto a imaginação tem de ser con­si­de­rada na sua li­berdade, ela não será em primeiro lugar compreendida como re­produtora [...], mas sim como produtora e es­pon­tânea (enquanto criadora de livres for­mas de in­tuições pos­­síveis). (KU, Nota geral sobre a primeira secção da Analítica).

 ... nós demoramo‑nos na con­templação do belo, porque esta con­tem­plação se for­ta­lece e re­­­­­produz a si pró­pria... (KU, §12).


2) O momento da universalidade (§6-9) identifica o princípio a priori da con­tem­plação como um acto de ajuizamento (Beurteilung) da faculdade de julgar no seu uso re­fle­xio­nante.

 3) O momento da conformidade a fins (§§10‑17) identifica o princípio a priori do acordo (vivido) entre sujeito e objecto como um nexo de finalidade (Zweckmässigkeit).

“A beleza é a forma da conformidade a fins de um objecto, na medida em que é per­cebida neste sem representação de um fim.” (KU, §17).

 4) O momento da necessidade (§§18‑22) identifica a reivindicação da adesão dos outros como fundada num sentir comum


Da vivência à fundamentação transcendental

A Analítica do Belo desloca o estético do estrito plano individual para a universalidade, e daí para a ideia de humanidade como co­mu­ni­dade, ou seja, para o domínio da razão.

 O sujeito estético entre homem empírico e razão

"a beleza vale unicamente para homens, isto é, entes animais, mas contudo ra­cio­nais, e nem sequer apenas como tais (por ex. espíritos), mas ao mesmo tempo ani­mais. (§5).

  

Avaliação: 2. Um teste (com temas previamente indicados) a realizar em 6 de Junho (14-17h), com consulta das leituras obrigatórias.

; ou um trabalho (6/7 pp.) (previamente combinado) a entregar em 6 de Junho.


Data-limite para combinar temas: 16 de Maio

 

16 Maio - Sublime

23 Maio - Hegel

30 Maio – Merleau-Ponty / P. Klee