I. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA II. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

15 Fevereiro 2016, 14:00 Adriana Veríssimo Serrão

I. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

Multiplicidade de acepções e usos correntes do termo.

Uso como substantivo. Uso como adjectivo: “estético”:

O campo teórico da Estética. A ambiguidade fundamental: sentido estrito e o sentido amplo.Em sentido amplo: conjunto de doutrinas que reflectem sobre a Beleza, a Arte, a experiência (estética) do sujeito e a criação artística. Em sentido estrito: doutrina da sensibilidade.

A invenção da Estética como disciplina independente: Alexander Gottlieb Baumgarten, Aesthetica, 1750. Leibniz-Wolff

Advento da sensibilidade na demarcação com o pensamento lógico. Reconhecimento de uma lógica da sensibilidade.

 § 1. A ESTÉTICA (teoria das artes liberais, gnoseologia inferior, arte do pensar belamente, arte do análogo da razão) é a ciência do conhecimento sensitivo).

 § 1. AESTHETICA (theoria liberalium artium, gnoseologia inferior, ars pulcre cogitandi, ars analogi rationis) est scientia cognitionis sensitivae).

Trad. port. Ana Rita Ferreira, “Prolegómenos” da Estética de Baumgarten”, Philosophica, 44 (2014).

O objectivo da Estética é o de conhecer e produzir a beleza.

§ 14. O fim da Estética é a perfeição do conhecimento sensitivo enquanto tal. Ora este fim é a beleza.

§ 14. Aesthetices fines est perfectio cognitionis sensitivae, qua talis. Haec autem est pulcritudo.

 

II. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

Objectivos: Enquanto disciplina introdutória da licenciatura em Filosofia, mas frequentada também por alunos de outras licenciaturas (Estudos Gerais, Línguas e Literaturas C, Artes do Espectáculo, História da Arte, Artes e Culturas Comparadas, Arte e Humanidades, Ciências da Comunicação), o programa oferece uma visão panorâmica dos principais problemas, correntes e orientações da Estética.

Tendo em conta o nível dos alunos, optou-se por um programa que incide em autores clássicos, estudados em textos fundadores de todo o pensamento estético. A diversidade dos modelos propostos cobre também o arco temporal da Antiguidade até à actualidade.

Esta diversidade justifica que a Estética não tenha um objecto teórico preciso e que o termo “estético” seja um aglutinador de orientações muitas vezes contraditórias, ora designando qualidades intrínsecas dos objectos, ora os modos pelos quais o sujeito apreende e sente o mundo circundante.

No final do curso, os alunos estarão habilitados a identificar problemas, a usar correctamente conceitos operatórios e a analisar crítica e comparativamente as diferentes teorias estudadas.

 Conteúdos: Esta unidade curricular, disciplina obrigatória do 1.º ano da licenciatura em Filosofia, oferece uma visão ampla dos grandes problemas da Estética Filosófica.

Tendo por base o estudo de doutrinas e obras fun­­­damentais, apresenta a evolução da concepção de Estética e a diversidade dos seus principais modelos:

a metafísica do Belo.a poética da obra singular; a experiência sensível e sentimental do mundo; a filosofia da história do belo na arte; a fenomenologia da expressão artística.

 Tópicos do Programa:

Introdução. O lugar da Estética no âmbito do saber filosófico. Multiplicidade de acepções e usos correntes do termo. O campo teórico da Estética. A invenção da Estética como disciplina independente.

1. Platão: o belo como ideia. A desvalorização do plano da aisthèsis. A dinâmica erótica no ca­minho do "ho­mem" até à alma. A ideia‑arquétipo como modelo e critério da apreciação.

2. Aristóteles: a poética da obra singular. Analogia entre a tragédia e o ser vivo. O princípio estético da verosimilhança. A catarsis: o apelo ao espectador.

 3. Kant: a autonomia da experiência estética. Gosto e sen­timento. Re­ciprocidade da contemplação e da cria­ção. A tensão imaginação-razão na génese do sublime. Ideia estética e intuição criadora.

4. Hegel: a historicidade da arte. A ar­te como manifestação sensível do absoluto. O primado da beleza artística. Linguagem poética e pen­sar filo­sófico.

5. Merleau-Ponty e Paul Klee: fenomenologia e ontologia da expressão artística. A ar­te como visão exemplar e linguagem originária.

Bibliografia Primária

Consta dos seguintes textos fundamentais (com os títulos em português)

Platão, Hípias Maior, República, livros III, X; Sofista (excerto), Banquete, Fedro [serão indicados os principais excertos].

Aristóteles, Poética.

Kant, Crítica da Faculdade do Juízo (Analítica do Belo e Analítica do Sublime).

Hegel, Estética (Introdução, O ideal do belo).

Merleau-Ponty, O Olho e o Espírito. L’Oeil et l’Esprit

Paul Klee, Teoria da Arte Moderna.

 

A Bibliografia Secundária acompanha os diversos pontos da matéria e inclui Estudos e Obras Instrumentais: Histórias da Filosofia, Histórias da Estética e Manuais de Estética e Filosofia da Arte.

 Avaliação

1. Um comentário de texto (com temas previamente indicados) a entregar a 4 de Abril (3/4 pp.).

2. Um teste (com temas previamente indicados) a realizar em 6 de Junho; ou um trabalho (6/7 pp.) (previamente combinado) a entregar em 6 de Junho.

 Critérios de classificação: nível de conhecimentos, organização formal dos textos, clareza e correcção da expressão oral, maturidade de pensamento e espírito crítico.

 adrianaserrao@fl.ul.pt

Atendimento: 2ª  feira - 17h-19h

Leituras para a próxima aula:

Platão: República III  (393 c ss) e X (595 c e ss).

Sofista 219 a- 221 c; 232 b-235 c; 264 c.