V. Consciência - 1

25 Novembro 2019, 16:00 António José Teiga Zilhão

Clarificação do sentido relevante do termo 'consciência' para a Filosofia da Mente. O chamado 'problema duro' da consciência: a existência de qualia irredutíveis. Os diferentes argumentos que se propõem ilustrá-lo. 1. O Argumento Perspectival, de Thomas Nagel: os fenómenos conscientes constituiriam 'factos perspectivais'; os factos perspectivais seriam essencialmente invisíveis para as ciências da Natureza, as quais se construiriam a partir de um ponto de vista objectivo, ou 'de lado nenhum'; logo, os factos da consciência nem seriam capturáveis no âmbito daquelas ciências nem seriam recondutíveis às mesmas; o Fisicismo seria assim falso. 2. O Argumento do Conhecimento, de Frank Jackson: Mary, uma super-especialista em física, química, fisiologia e neurologia, encerrada desde a nascença num quarto a preto e branco, conhece tudo o que é possível conhecer no âmbito destas disciplinas; mas não conhece como é a vermelhidão de um tomate maduro até ver um pela primeira vez; logo, há conhecimentos factuais acerca da vida mental dos outros que não figuram na totalidade do conhecimento a esse respeito que pode adquirir-se no âmbito daquelas disciplinas; logo, o Fisicismo é falso. 3. O Argumento Modal, de David Chalmers: é possível conceber sem contradição mundos zombi, fisicamente indistinguíveis do nosso mundo, mas onde nenhuma actividade consciente teria lugar; isto mostraria que os factos da consciência, existentes no nosso mundo, seriam factos não-físicos, os quais não seriam capturáveis por qualquer conhecimento físico imaginável; isto aconteceria porque, ao contrário dos estados e propriedades não-básicos do mundo natural, os quais seriam de natureza funcional e seriam logicamente sobrevenientes nos estados e propriedades da micro-física, os estados e propriedades vivenciais da consciência seriam de natureza reconhecional e, enquanto tal, não seriam logicamente sobrevenientes nos estados e propriedades físicos subjacentes; deste modo, qualquer explicação reducionista de estados reconhecionais em termos de estados funcionais estaria condenada ao fracasso; logo, o Fisicismo seria falso.