Sumários
Elementos do teatro no auto da Fé
17 Outubro 2016, 10:00 • Maria João Monteiro Brilhante
Leitura e análise do auto da Fé. Como transmitir a doutrina a uma plateia cortesã? O espaço da capela e a decifração dos símbolos religiosos através das palavras e da gestualidade. As figuras de pastores como representantes da humanidade ignorante. O papel do cómico e do riso, do jogo corporal dos actores mimando o comportamento do bom católico na comunicação teatral. Contraste entre a dimensão literal das figuras dos pastores e a dimensão alegórica e metafórica da figura da Fé. Restauro imaginário das acções e dos ritmos da represnetação através das palavras do auto.
Ler e entender jogo teatral e doutrinação no auto de São Martinho
13 Outubro 2016, 10:00 • Maria João Monteiro Brilhante
São Martinho é um auto que se inscreve no género Milagre, muito apreciado na Idade Média. Porque vai Gil Vicente buscar a vida de um cavaleiro francês que foi tornado Santo pela Igreja Católica para celebrar o sofrimento de Cristo? De novo importância das circunstâncias da produção deste auto: encomendado pela Rainha D. Leonor, fundadora das Misericórdias, instituições que acorrem aos necessitados, e das Termas (Caldas) junto à Igreja de Santa Maria do Pópulo nas Caldas da Rainha; celebrações do Corpus Christi nessa localidade que inclui procissão. O auto permite ligar a figura da rainha a São Martinho através da devoção e da caridade e ligar a figura do Pobre em sofrimento à de Jesus Cristo.
Visitação: o primeiro auto de Gil Vicente
10 Outubro 2016, 10:00 • Maria João Monteiro Brilhante
Leitura do auto da Visitação também conhecido como auto do Vaqueiro. O que nos diz a rúbrica inicial acerca das circunstâncias em que o auto foi representado: no quarto da rainha Maria, aquando do nascimento do príncipe João e perante alguns dos membros da família real.Explicação do editor (Luís Vicente) para o facto de um auto que não é "de devoção" fazer parte do Livro primeiro da Compilação: justamente ter sido a primeira "cousa que o autor fez e que em Portugal se representou". O auto permite continuar a discutir a relação entre a circunstancialidade dos autos de Gil Vicente (associados à vida da corte e às encomendas do Rei ou da Rainha Velha D. Leonor) e a sua autonomia (de que faz parte a consciência da autoria e da sua dimensão ficcional e metafórica). Interpretação do texto para reconhecimento da sua dimensão teatral (criação do espaço e tempo da representação, identificação das acções para o corpo do vaqueiro, marcas da acção na enunciação proferida pelo vaqueiro, interpelação dos espectadores, em particular da Rainha).Os dois planos de leitura do auto: o presente do nascimento de João e o passado de há 1502 anos do nascimento de Jesus. Composição do presépio e da adoração dos pastores através da visitação.
Circunstancialidade e autonomia dos autos de Gil Vicente
6 Outubro 2016, 10:00 • Maria João Monteiro Brilhante
Como entender o duplo funcionamento dos autos de Gil Vicente no seu tempo de produção? A leitura de uma cronologia do seu percurso como autor de autos nas cortes de Manuel I e João III revela que a produção de autos seguia as circunstâncias da vida da corte, o calendário religioso ou festivo e as encomendas que lhe eram feitas, por vezes com indicações precisas sobre os temas dessas acções destinadas aos membros da corte e aos Reis para quem trabalhava.
Tipos e géneros de práticas parateatrais na Idade Média e sua presença nos autos de Gil Vicente
3 Outubro 2016, 10:00 • Maria João Monteiro Brilhante
A partir das considerações de Rebello na obra O primitivo teatro português e da polémica lançada por Luciana Stegagno Picchio em torno do arremedilho como forma originária do teatro português (texto disponibilizado na plataforma Moodle) discutiram-se as características desta forma breve, a extensão da palavra e sua significação (imitar de forma cómica ou paródica) ao campo do teatro e do espectáculo no final da Idade média. A importância dessa forma - que não poderá ser considerada um género de teatro - prende-se com a dimensão do jogo que está presente nas festas (palacianas ou religiosas), com a noção de representação e nada tem a ver com a noção de imitação que veio a ser introduzida no teatro ocidental a partir de Aristóteles e da sua Poética. Outras formas que foram alvo de discussão: o entremez, pequena representação que acompanha um banquete ou está inserida numa festa (referir à imagem do banquete oferecido pelo Rei de França Carlos IV ao Imperador Carlos V com a representação da tomada de Jerusalem) e o momo, representação de acções por mascarados (referir aos momos na festa de casamento do príncipe Afonso, filho de João II).Analisaram-se ainda os três grandes géneros de teatro medieval que podemos reconhecer em autos de Gil Vicente: mistério (Auto da Geração humana) que tem por tema a vida de Cristo, a moralidade (Auto da Alma) que deforma alegórica fala dos pecados do homens e de como podem redimir-se, o milagre (auto de São Martinho) que representa a conversão de um cristão em santo por graça divina e a farsa, género profano cómico (Inês Pereira).