O Intergovernamentalismo
6 Novembro 2017, 16:00 • João dos Santos Ramalho Cosme
Na década de 1970, Kenneth Waltz explica que o progresso desigual na integração europeia é causado pelo surgimento dos Estados Unidos como garante da segurança da Europa Ocidental, permitindo assim aos Estados-Membros da Comunidade Europeia avançarem no seu projecto de integração. Nesta análise, as unidades centrais nas relações internacionais são novamente os Estados, e apenas os Estados que compõem este órgão chamado Comunidade ou União Europeia. A teoria das relações internacionais, de acordo com Waltz, deve preocupar-se com as regras gerais de comportamento das unidades que compõem o sistema internacional (os Estados), e não as políticas públicas, estrangeiras ou económicas. Grieco propõe uma hipótese a que chama voice opportunities hypothesis. Quando os Estados negociam novas instituições e regras, eles garantem, em particular, aos pequenos Estados, que essas regras incluem importantes oportunidades para exprimirem a sua oposição. Os realistas estruturais consideram assim a situação unipolar em que os Estados se encontram após o fim da Guerra Fria como a principal fonte de desenvolvimento político na União Europeia, bem como as situações políticas e económicas no Oriente Médio e na Ásia. Com base nessas reflexões, os autores deste paradigma estão prevendo desenvolvimentos importantes no campo da política externa, de segurança e de defesa da União Europeia. Por sua vez, os realistas clássicos parecem combinar a teoria das relações internacionais com estudos regionais (area studies) que se baseiam em um profundo conhecimento do terreno. Compreender os interesses dos Estados exige, em sua opinião, uma maior atenção aos fundamentos históricos, políticos e económicos das políticas internacionais dos Estados. A crítica central de Stanley Hoffmann aos neo-funcionalistas é sobre a focalização no processo de integração que os leva a negligenciar o contexto.