B. Carvalho, Mongólia

14 Dezembro 2017, 12:00 Amândio Reis

A reflexão literária do Ocidental: literatura ocidental Vs. literatura chinesa, literatura tradicional Vs. literatura moderna. A questão dos nomes, vinculativos ou arbitrários (p. 36), e a forma como ela é também explorada no seio do romance pela atribuição de nomes metafóricos, epítetos qualificativos, às personagens ocidentais.
O diário do "desaparecido" e a problematização da Mongólia enquanto espaço fugidio ou mesmo "invisível". O encontro com a xamã Suyan como prolongamento dessa ideia de invisibilidade.
A tradução como ferramenta de intermediação cultural e comunicativa, e o problema da desconfiança, da ignorância e do desconhecimento, particularmente importante na relação entre o Ocidental e os guias turísticos mongóis, Ganbold e Purevbaatar.
O percurso do Ocidental como uma "procura às cegas" em torno de um centro vazio: da suspeição quanto ao que se diz sobre o trilho do "desajustado", à deslocalização da busca para um "planeta errado" (p. 163).
A duas "aparições" do desaparecido (pp. 167 e 197), prévias ao encontro com o Ocidental: encontro com o eu/outro, revelação e auto-conhecimento.
Considerações sobre a conclusão do projecto de livro do Ocidental a partir da parte 3 do romance ("Rio de Janeiro"): articulações entre ignorância, re-interpretação do texto e responsabilidade autoral; regresso ao Brasil e regresso à ordem (figurado na entrega da correspondência anteriormente extraviada).