Deus (1)

12 Novembro 2019, 10:00 Ricardo Santos

Argumentos tradicionais em defesa da existência de Deus: argumento ontológico, argumento cosmológico e argumento teleológico. O argumento ontológico de Anselmo de Cantuária (Proslogion, II). Deus concebido como “um ser maior do que o qual nada pode ser pensado”: se este ser existisse apenas no intelecto, poder-se-ia pensar um ‘maior’ do que ele, o que é contraditório. A objecção de Gaunilo, segundo a qual o mesmo género de argumento poderia provar a existência de muitas outras coisas, como por exemplo de “uma ilha maior do que a qual nenhuma pode ser pensada”. Réplica: a ideia de “a ilha mais grandiosa possível” não é realmente coerente, uma vez que muitas qualidades que contribuem para a grandiosidade de uma ilha não têm um grau máximo. Os pressupostos ‘Meinonguianos’ do argumento ontológico de Anselmo. A distinção entre ‘existir no intelecto’ e ‘existir na realidade’, e o princípio segundo o qual aquilo que existe também na realidade é ‘maior’ do que aquilo que (tem as mesmas qualidades mas) existe apenas no intelecto. As coisas que existem apenas no intelecto (i) não são imagens ou representações mentais (pois estas existem na realidade – ainda que sejam coisas mentais) e (ii) têm propriedades. Avaliação crítica da tese Meinonguiana de que há coisas que são de uma certa maneira, mas não existem.

A versão conceptual do argumento ontológico proposta por Descartes (Meditações Metafísicas, 5ª Meditação). Deus concebido como “um ser sumamente perfeito”: se este ser não existisse, faltar-lhe-ia uma perfeição. Juízos analíticos e juízos sintéticos. Propriedades já incluídas num conceito vs. propriedades acrescentadas a um conceito. A alegação de que a existência é uma perfeição e, por isso, já está incluída no conceito de um ser sumamente perfeito. A crítica de Kant (Crítica da Razão Pura): “a existência não é um predicado real”. A visão quantificacional da existência (ou da existência como predicado de segunda ordem) de Frege-Russell-Quine. Objecção: afirmações como “Pégaso não existe” e “Ao contrário de Lewis, Kripke ainda existe” parecem ser verdadeiras e, por isso, fazer todo o sentido.