A Arte da Gravura: a Idade do Papel.

7 Novembro 2019, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

•Sensibilização para a importância da Arte da Gravura •História da Gravura / Situação Portuguesa •Critérios de Avaliação de Estampas •Perspectivas do Mercado Actual de Gravura Antiga •Sessão prática de introdução às técnicas de gravura: buril e água forte.•A gravura é uma técnica artística, na qual é possível imprimir várias versões (cópias) de uma imagem a partir de uma matriz. •Para se fazer uma gravura é necessário um suporte (matriz) na qual será feito o desenho. Esse suporte é entintado e a imagem é impressa no papel. A gravura é um múltiplo, isso quer dizer que pode-se tirar várias cópias de um mesmo desenho. •As gravuras têm valor artístico por serem, de facto, originais e realizadas manual e artesanalmente. Foram realizadas por grandes artistas desde o fim do século XV. O material da matriz é o que classifica o tipo da gravura. •As gravuras são assinadas, numeradas e datadas pelo próprio artista. Em geral a numeração aparece no rodapé da gravura, da seguinte forma: 1/100, por exemplo, indicando o número do exemplar (1) e quantas cópias foram produzidas daquela imagem (100). •Quanto menor for o número do exemplar, mais valorizada é a gravura, pois as primeiras a serem feitas saíram de uma matriz menos desgastada. Muitas vezes as três primeiras são reservadas para o artista, recebendo a sigla P.A. (Prova do Artista). •Na actualidade em que a tecnologia é usada para tudo, a gravura resgata o bom gosto pelo trabalho artístico, feito manualmente, sem mecanização e em um processo milenar. A gravura é uma forma acessível de ter adquirir uma obra original de um grande artista.

Xilogravura é a técnica mais antiga para produzir gravuras e os seus princípios são muito simples: sobre superfície plana de madeira (a matriz), o artista trabalha com auxílio de ferramentas de corte e entalhe (goivas) as partes que não quer que tenham cor na gravura. Após aplicar tinta na superfície, coloca um papel sobre a mesma. Ao aplicar pressão com uma prensa sobre a folha, a imagem é transferida para o papel.

Linoleogravura é uma técnica que assemelha-se ao entalhe da Xilogravura, porém, ao invés de madeira, a matriz é de material sintético – placas de borracha, chamadas linóleo. Esta técnica é mais recente do que a Xilogravura devido ao material de sua matriz, e foi muito utilizada pelos artistas modernos, como Picasso por exemplo.

A Gravura em metal começou a ser utilizada na Europa no século XV. As matrizes são placas de cobre, zinco, alumínio ou latão, gravadas com incisão directa ou pelo uso de banhos de ácido. Água-forte, água-tinta, ponta seca são as técnicas usuais. A matriz recebe a tinta e uma prensa é utilizada para transferir a imagem para o papel. Outras maneiras de fazer gravura em metal são água-forte e água-tinta , os produtos químicos conhecidos por mordentes (ácido nítrico , percloreto de ferro etc.) que atacam as áreas da matriz que não foram isoladas com verniz, criando assim outro tipo de concavidades e, consequentemente, efeitos visuais. Desta forma, o artista obtém gradações de tom e uma infinidade de texturas visuais. Consegue-se uma gama de tons que vai do mais claro, até o mais profundo escuro. Estes procedimentos podem ser usados em conjunto. A técnica da Litografia parte do princípio químico que água e gordura se repelem. As imagens são desenhadas com material gorduroso sobre pedra calcária e com a aplicação de ácido sobre a mesma, a imagem é gravada. Assim como a gravura em metal, essa técnica também necessita de uma prensa para transferir para o papel a imagem gravada na pedra. A Serigrafia começa a ser aplicada mais frequentemente por artistas na segunda metade do século XX. Como as técnicas descritas acima, também a Serigrafia apresenta diversas técnicas de gravação de imagem. Uma delas é a gravação por processo fotográfico. Imagens são gravadas na tela de poliéster e com a utilização manual de um rodo com a tinta a imagem é transferida para o papel.

A Idade do Papel, segundo  Roger de Piles, Abregé de la Vie des Peintres, Paris,1699: a estampa tem capacidade da representação do real «divertir pela imitação»; tem superioridade da imagem sobre a palavra como ferramenta educativa; tem força de comunicação visual e no factor tempo; tem capacidade de representação das coisas ausentes; tem, além disso, vantagem na portabilidade e na diversidade; e é de grande importância como ferramenta na formação do gosto; além de permitirem que todos possam ter uma colecção. «Ces effets sont généraux : mais chacun en  peut sentir de particuliers selon ses lumiéres & son inclination; & ce n’est que par ces effets particuliers que chacun peut regler la collection qu’il en doit faire (…)”, diz Roger de Piles.