As novas (in)definiçõews de Arte com os 'ready-made' de Duchamp, e a teoria da arte de Arthur C. danto.
14 Outubro 2019, 08:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
Os 'ready-mades', Duchamp, Arthur C. danto, e os debates sobre a (in)definição de Arte. (5/14)
.Analisa-se o papel dos primeiros 'ready-mades', dsesignadamente 'A Fonte' de Duchamp, e os debates que suscitaram sobre a (in)definição de Arte e o papel destinado à História crítica da Arte. A Arte é a actividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir da percepção, das emoções e das ideias, com o objectivo de dar estímulo a um interesse, a um acto de consciência ou grau de intervenção junto de um ou mais espectadores. Cada obra de arte possui um significado distinto: única, irrepetível, inesgotável, transcontextual, com carga de fascínios e perenidade, com comprometimento ideológico, dotada de vida perecível e, ao mesmo tempo, com poder imenso de renovada interrogação do mundo. A arte está ligada à estética porque é considerada uma faculdade ou acto pelo qual o homem, trabalhando uma matéria, imagem ou som, cria beleza ao esforçar-se por dar expressão ao mundo material ou imaterial que o inspira. Na História e na Filosofia tentou definir-se a arte como intuição, expressão, projecção, sublimação, evasão, etc. Aristóteles definiu a arte como uma imitação da realidade. Bergson e Proust vêem-na como exacerbação da condição atípica inerente à realidade. Kant considera a arte uma manifestação que produz uma "satisfação desinteressada". O papel de Marcel Duchamp (1887-1968). Em 1914, quando eclode a Primeira Guerra Mundial, houve perturbações nos conceitos artísticos, em torno do conceito de “modernismo”. Desestabilizando os valores estabelecidos, surge o Dadaísmo, a partir de uma reunião em Zurique. Os artistas e intelectuais contrários à adesão de seus países à guerra exilam-se em Zurique. Num encontro no Cabaré Voltaire fundam o movimento dadaísta. O nome foi dado por Tristan Tzara, poeta húngaro que o escolheu ao acaso, apontado para um dicionário. A palavra “dada”, cavalo de pau em francês, torna-se marco do movimento (a falta de relação directa do termo com este foi considerado algo sem importância, já que para os fundadores a arte não fazia mais sentido, pois todo o pensamento racional se tinha perdido com a guerra). O dadaísmo sugeria a criação artística como algo ao acaso, esforço para que a arte se libertasse do pensamento lógico, racional. Tinham aversão aos valores tradicionais, que tinham sido supervalorizados e haviam desencadeado a guerra. Marcel Duchamp foi um dos artistas do movimento dadá. Ao tentar expor em galeria uma sanita virada a que chamou “fonte”, abriu um fecundo debate: a sua “obra de arte” foi tratada como simples mictório, mas a mensagem passou, pois impôs a revisão de alguns conceitos. Afinal, um urinol não poderia ser arte? O acto de o virar e titular como «fonte» não podia ser tratado como acto artístico? Duchamp colocou na peça outro nome como autor da mesma (R. Mutt,), para mostrar que o facto do artista ser desconhecido também influencia na opinião das pessoas. Antes de criar a “fonte” em 1917, já havia criado a “roda da bicicleta” e o “porta-garrafas”, que fazem parte do conceito por si criado de READY-MADE. Tal conceito traduz a ideia de transformar objectos comuns em obras de arte. Duchamp selecionava objetos quotidianos, produzidos em massa, sem valor estético aparente, e expunha-os em galerias e museus, tratando-os como obras de arte. Assim, Duchamp fez com que o público repensasse os conceitos de arte. Expondo objectos comuns como obras de arte, ele faz, portanto, uma dura crítica aos “códigos” tradicionais da arte e abre um campo duradoiro de debate e reflexão teórica. A Fonte é um urinol de porcelana branco, considerado uma das obras mais representativas do dadaísmo, criada em 1917, sendo uma das mais notórias obras do artista Marcel Duchamp (Blainville-Crevon, 1887-Neuilly-sur-Seine, 1958). Duchamp optou pela nacionalidade americana em 1955. Inventou os ready-mades. A obra sofreu um ataque a 6 de Janeiro de 2006 no Centre Pompidou, em Paris, por um francês de 77 anos que a atacou com um martelo. O vândalo foi detido logo em seguida e alegou que o ataque com o martelo era uma performance artística e que o próprio Marcel Duchamp teria apreciado tal atitude... A obra sofreu apenas escoriações leves.
As discussões em torno dos ready-mades de Berys Gaut, Morris Weitz, George Dickie e Arthur C. Danto,