Noções sobre Gestão e Salvaguarda do Património Histórico-Artístico.

5 Dezembro 2019, 08:00 Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão

Um dos magnos problemas com que se debatem os historiadores de arte, os conservadores-restauradores, os cientistas e técnicos de laboratório, os museólogos e, de uma forma geral, todos quantos trabalham com pintura antiga, é o de ainda não sabermos descortinar com a necessária aproximação crítica, aliada à objectividade histórica, quais os critérios de intervenção em peças pictóricas que foram realizados ao longo dos tempos.

As questões que se levantam são múltiplas. Porque motivos é que muitas peças antigas, sejam pintura ou escultura ou outras, de uma maneira geral aquilo que designamos grosso modo como obras de arte, justificaram intervenção «restaurativa» quando, fruto das circunstâncias históricas, das mudanças funcionais e dos efeitos degadativos, deixaram de cumprir o papel para que tinham sido inicialmente concebidas? Afinal porque razão, ou ordem de razões, uma peça pictórica foi alvo de ‘restauro’ numa conjuntura histórica posterior? E quem se ocupou de tais tarefas: meros artífices de decoração ou conceituados artistas ligados ao melhor escol da criação coetânea? De que modos e em que moldes, em que condicionantes, e com que apoio técnico, tais operações eram realizadas? Que significa precisamente a utilização do conceito de «restauro de obras de arte» no âmbito da actividade corrente de um mestre pintor do século XVI, do século XVII ou do século XVIII? Afinal, quando é que, em boa verdade, é legítimo falar-se de «restauro de obras de arte» como um trabalho metodologicamente estruturado, tecnicamente sério, coerente com a integridade do corpo intervencionado e, como tal, com a sua base científica?


BIBL. 

AAVV 2002, La Gestion del Património Cultural. La Transmisión de un Legado, Valladolid, Fundación del Pat. Hist. Castilla y León

AUDRERIE, D., 2003,  Questions sur le Patrimoine, Éd. confluences

ANDRIEUX, J., dir., 1998,  Patrimoine et Société, PUR, Rennes

CAMPILLO, R. 1998, La gestión y el gestor del Património Cultural, Múrcia, KR

CHOAY, F. 2011, As questões do Património, Lisboa, Ed. 70

HARRISON, R. 1994, Manual of Heritage Management, London, Butterworth-Hein.

HERBERT, D. T. 1995, Heritage, Tourism and Society, London, Mansell Pub.

HOWARD, P. 2003, Heritage Management, Interpretation, Identity, London, Continuum

Journal of Cultural Heritage Management and Sustainable Development, Emerald Pub.

SCHEFFLER, N. et al. 2010, Cultural Heritage Integrated Management Plans, EU

SOARES, C. M. e NETO, M. J. 2013, Óbidos de «Vila Museu» a «Vila Cultural». Estudos de Gestão Integrada de Património Artístico, C. Cambra, Caleidoscópio