Teste presencial.
28 Novembro 2019, 08:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
TESTE DE METODOLOGIA DE HISTÓRIA DA ARTE
Licenciatura em História da Arte -- 28 de Novembro de 2019 (1ª chamada), 8-10 h
Docente: Prof. Vitor Serrão
I
Leia atentamente as seis seguintes questões e responda de modo claro e suficiente, em bom português e caligrafia legível, e recorrendo a exemplos se e quando necessário, a apenas TRÊS delas:
1. De acordo com o historiador de arte Giulio Carlo Argan, a História da Arte e a Crítica de Arte constituem parcelas do mesmo corpo analítico, ou seja, é impossível desligar-se o processo crítico de uma investigação sob pena de o historiador de arte se tornar um mero descritor e não o desejável interlocutor… Qual a sua opinião a este respeito ?
2. Em que consiste a vertente da nossa disciplina a que podemos chamar Micro-História da Arte e qual a sua utilidade, ao alargar o foco de interesses às «periferias» e às «descontinuidades» no estudo integrado do Património artístico ? Dê um exemplo adequado de obra apresentada nas aulas.
3. Defina em palavras breves e claras os conceitos de Iconografia, de Iconologia e de Icononímia. Em que consistem e qual a utilidade que assumem no nosso trabalho de análise das obras de arte ?
4. Entre os novos ‘géneros literários’ que nascem com o Renascimento no panorama das artes, que se deve entender por PARANGONA e qual a razão do seu sucesso ? Dê um exemplo de Diálogo parangonal apresentado na aula.
5. Como define o conceito de aura proposto por Walter Benjamin (A Obra de Arte na era da sua reprodutibilidade técnica, 1936) enquanto expressão maior da singularidade das obras de arte (de todas elas) ?
6. Distinga as fases de arricio e intonaco na preparação de uma pintura a fresco ddo século XVI e dê um exemplo fresquista estudado na aula.
II
Desenvolva e comente, com a maior clareza e objectividade, num discurso estruturado e fluente, e recorrendo a factos e exemplos adequados sempre que necessário, UM dos três seguintes temas:
1. A defesa da LIBERALIDADE e a reivindicação de um novo estatuto social moveram os artistas do século XVI no sentido de uma nova consciência social e laboral: a consciência artística. Comente, nesse sentido, o seguinte texto do tratado Da Pintura Antigua (1548) de Francisco de Holanda (1518-1584), quando este põe na boca de Miguel Ângelo as seguintes palavras:
«Eu estou seguro, que se no vosso Portugal, Messer Francisco, vissem a fremosura da pintura que está por algumas casas desta Itália, que não poderiam ser tão desmúsicos (incultos; ignorantes) lá, que a não estimassem em muito e a desejassem de alcançar; mas não é muito não conhecerem nem prezarem o que nunca viram, e o que não têm» (Diálogos de Roma).
2. «As obras de arte também morrem. Infelizmente, a sua imensa carga de fascínio estético equivale à sua inexorável efemeridade». Comente esta frase, à luz do que estudou e sabe sobre as práticas de iconoclastia – mas também às de iconofilia – que se sucederam e sucedem ao longo da História, recorrendo a exemplos adequados. Será esta situação uma inevitabilidade ?
3. Comente, à luz dos seus conhecimentos sobre a arte do Grotesco (de origem clássica e «arqueológica») e sobre a arte do Brutesco (decoração com sentido mais «decoroso») as duas imagens de arte portuguesa que se seguem.
Fresco da igreja de Santa Leocádia (Chaves), c. 1509-1511, e tecto de caixotões da igreja da Misericórdia de Torres Novas, 1678.