Apresentação do Programa.
18 Setembro 2017, 10:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
O programa desta disciplina visa abrir as vias para a investigação histórico-artística e o estudo das obras de arte, desde a análise histórica, iconográfica, estética e iconológica dos estilos e movimentos estéticos que se sucederam no tempo histórico, à ênfase a exemplos da arte portuguesa, contribuindo para definir os conceitos e objectivos fundamentais desta disciplina, ramo científico da Ciência das Humanidades.
A cadeira fornece ferramentas operativas de análise de investigação sobre as obras de arte, ao longo dos séculos, e abre interesses para outras tarefas inerentes à prática do historiador de arte, desde a gestão integrada de bens patrimoniais, à colaboração em equipas e laboratórios de conservação e restauro, à prática museológica, à inventariação de bens imóveis e móveis, à curadoria de exposições, ao controle e segurança das obras de arte, ao mercado de compra e venda, e à intervenção na área do turismo cultural. Dá-se enfoque à organização da chamada Fortuna Crítica e à Iconografia e Iconologia, instrumentos operativos da ciência histórico-artística, tal como foi posta em prática, de Aby Warburg a Erwin Panofsky, passando por E. H. Gombrich, David Freedberg, George Didi-Huberman, Daniel Arasse, Arthur C. Danto, à Sociologia da Arte e à tradição recente de estudos iconológicos (Hans Belting), sem esquecer o conceito de aura defendido pelo filósofo Walter Benjamin.
A disciplina estuda a génese da História da Arte em atenção à problemática da construção de um discurso científico face da reivindicação de autonomia da arte, e as metodologias de abordagem com abertura a cruzamentos interdisciplinares, consciencializando para as práticas da conservação e da salvaguarda, e os inerentes conhecimentos de museologia e de organização estruturada de uma pesquisa analítico-descritiva devidamente contextualizada. O programa enfatiza, assim, a urgência em formar profissionais aptos a assumir o estudo integrado da arte em perspectiva pluridisciplinar, numa visão alargada do fenómeno artístico com incidência no caso português e das artes do antigo império colonial.
Conteúdos programáticos
I. Introdução
1. A disciplina da História da Arte (autonomia, dimensão, utilidade) e o agente da disciplina (de connoisseur a historiador-crítico de arte)
2. As grandes correntes da disciplina
3. A relação da história da arte com outras áreas e saberes científicos
4. Os agentes da produção artística: artistas, encomendantes, mecenas, clientes.
II. As disciplinas da Arte (exemplos e estudos de caso)
1. Arquitectura
2. Escultura
3. Pintura
4. Artes Decorativas: Azulejo, Talha, Tapeçaria, Mobiliário
5. Outros géneros: Gravura; Fotografia; Design; Banda Desenhada
6. Breve evolução dos “estilos”, da pré-história à contemporaneidade.
III. Métodos de investigação na disciplina da História da Arte
1. A investigação heurística e a pesquisa de arquivo: as fontes (manuscritas e iconográficas), sua recensão, organização e tratamento
2. A pesquisa bibliográfica: elaboração de uma ficha de leitura de obra de arte e de um estado da questão
3. A observação analítica da obra de arte: a obra de arte como principal documento do historiador de arte
4. As grandes correntes da disciplina, do positivismo, ao formalismo, à Sociologia da Arte e à História da Arte total
5. A investigação heurística e a pesquisa de arquivo: as fontes, sua recensão, organização e tratamento. A Icononímia. A regesta documental e a bibliografia
6. A construção de um trabalho de investigação: plano, corpo de texto, notas, organização de anexos. Diálogos do historiador de arte com o seu objecto de pesquisa: organização da Fortuna Histórica, da Fortuna Crítica e da Fortuna Estética
7. A História da Arte como globalidade: a Micro-História da Arte, a Cripto-História da Arte e a História da Arte Total
8. A ficha analítico-descritiva da obra de arte particular.
IV. Fontes e géneros literários da História da Arte
1. Os tratados de arte (Vitrúvio, Leon Battista Alberti, Lorenzo Ghiberti, Andrea Palladio, Sebastiano Serlio)
2. As biografias de artistas (Giorgio Vasari, Giovan Pietro Bellori, Cirillo Volkmar Machado)
3. Os diários de artistas (Jacopo Pontormo)
4. Os “diálogos“ (Pomponio Gaurico, Francisco de Holanda)
5. As “parangonas” (Benedetto Varchi)
6. Os manuais técnicos (Teófilo, Cennino Cennini, Filipe Nunes).
V. A história da arte e a conservação / revalorização do património artístico
1. O inventário de património artístico
2. Conservação das obras de arte
3. A musealização das obras de arte
4. «Monumento» e «Património» como valor absoluto.
5. Conceitos de «memória», «recuperação», «conservação preventiva»
6. A Gestão Integrada de Bens Patrimoniais
7. A UNESCO e as grandes medidas de protecção dos bens culturais e artísticos.
Nota: Os conteúdos programáticos estão divididos em 4 blocos temáticos (além da Introdução). Cada bloco contempla sempre a abordagem dos objectivos de aprendizagem de forma integrada. Regista-se uma grande insistência na análise de casos de estudo que permitam atingir os referidos objectivos.
Metodologias de ensino (avaliação incluída)
As sessões lectivas, de carácter teórico-prático, serão complementadas com actividades extra-curriculares, como visitas de estudo (a monumentos, museus e exposições, permanentes ou temporárias), conferências e / ou colóquios, etc.
Avaliação: 1 teste presencial e 1 trabalho de investigação (preferencialmente de carácter monográfico), cujo desenvolvimento procurará contribuir para a capacidade de recolher e analisar informação de diversas fontes, de comunicar na língua materna de forma oral e escrita, de contactar peritos de outras áreas e, do ponto de vista temático, suscitar a sensibilidade para a diversidade de perspectivas e abordagens. As sessões lectivas, de carácter teórico-prático, serão complementadas com actividades extra-curriculares, entre as quais se destacam visitas de estudo (a monumentos, museus e exposições, permanentes ou temporárias), conferências e / ou colóquios, etc.
A avaliação efectuar-se-á através da realização de 1 teste presencial e de 1 trabalho de investigação – ficha analítico-descritiva de obra de arte à escolha do aluno – que deve ser original, bem escrito, com domínio da análise crítica, e que poderá ser apresentado oralmente e discutido numa aula extra, em início de Janeiro.
VISITAS DE ESTUDO
As sessões lectivas, de carácter teórico-prático, serão complementadas com actividades extra-curriculares, entre as quais se destacam visitas de estudo (a monumentos, museus e exposições, permanentes ou temporárias), conferências e / ou colóquios, etc.
Objectivos de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes): Proporcionar o acesso a um conjunto de noções de carácter teórico e artístico no contacto com os monumentos e as obras de arte, nas suas componentes históricas, técnicas, materiais, iconográficas, iconológicas e estéticas, em como a um conjunto de conhecimentos gerais de identificação e contextualização que permitam ao aluno adquirir uma série de competências, designadamente: 1.Competências instrumentais: capacidade de compreensão e manipulação de ideias, conducente à realização de análises e sínteses, de apreciação / identificação de obras de arte, de recolha crítica de informação oriunda de diversas fontes, e desenvolvimento de níveis de decisão com vista à resolução de problemas que a História da Arte impõe. 2.Competências interpessoais: realização de trabalho integrado em equipas interdisciplinares, habilidade para comunicar com peritos de outras áreas, sensibilidade para a diversidade e multiculturalidade, consciência de salvaguarda do património comum, compromisso ético, social e profissional. 3.Competências sistémicas: aplicação de conhecimentos à prática, capacidade técnica de investigação, de gerar novas ideias, de contribuir para a capacidade de recolher e analisar informação de diversas fontes, de comunicar bem na língua materna de forma oral e escrita, de contactar peritos de outras áreas e suscitar a sensibilidade para a diversidade de perspectivas e abordagens, e de compreensão de outras culturas, com espírito de iniciativa e empreendimento.