Fases de construção de um trabalho de análise integrada de uma obra de arte.
25 Setembro 2017, 10:00 • Vítor Manuel Guimarães Veríssimo Serrão
•FORTUNA
HISTÓRICA – Recolha
de dados sobre a peça; investigação de fontes (bibliotecas, arquivos,
entrevistas) e crítica heurística; definição de estilo e época; inquirição
sobre as questões QUANDO SE FEZ, QUEM FEZ, COMO SE FEZ, PORQUE É QUE SE FEZ,
POR QUEM SE FEZ, POR QUANTO SE FEZ… Análise iconográfica, formal e descritiva.
Primeira caracterização geral da peça.
•FORTUNA
CRÍTICA – Análise
comparativa com outras peças; investigação relacional; análise estilística e
iconológica; integração em contexto alargado; definição de problemas; estudo trans-contextual
da peça na sua vivência entre a época de factura e o nosso tempo, à luz dos
mercados, das avaliações e das críticas.
•FORTUNA
ESTÉTICA – Análise
estética: O QUE É A OBRA ? O percurso amadurecido da pesquisa abre perspectivas
para se ver melhor a peça e saber apreciá-la à luz das suas reais
potencialidades criadoras.
A representação artística assume uma série de características particulares de comunicação, de assunção de valores, de fascínios visuais, de inter-textualidade e de trans-memória, que a tornam – sobretudo quando, além de tudo isso, tem ainda a qualidade criadora e a pulsão inventiva – uma espécie de objecto artístico-patrimonial dotado de grande fortuna. Exige, por isso, cuidados preventivos, deveres de conservação e de fruição e, antes de mais, estudo integrado, apto a reconstituir contextos espacio-temporais específicos e a devolver-lhe memórias perdidas. Esse é o sentido da teoria e da prática da História da Arte.
Estuda-se, como exemplificação prática de uma leitura integrada e sob várias perspectivas de análise, o quadro da oficina de Vasco Fernandes (Grão Vasco), 'Cristo em casa de Marta e Maria', de c. 1530, que pertenceu ao antigo retábulo da capela do Paço do Fontelo, em Viseu, e se expõe no Museu Grão Vasco.